segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PARA QUE SERVEM OS POLÍTICOS?

Ando desconfiado de uma coisa: políticos são seres encantados, criaturas diretamente saídas de um conto maravilhoso! Amo políticos. Você pode até dizer: são como bruxas, yo no creo... pero que las hay, las hay! Hay? Ai! É que eles aparecem e desaparecem como os super-heróis japoneses daqueles filmes antigos, que víamos com encantamento, mas hoje nos arrancam gargalhadas por seus precários efeitos especiais. Exceção para o faCto: entre ninjas e políticos, estes não são normalmente os “mocinhos”, e suas entradas e saídas não são tão performáticas, ainda que nos façam gargalhar pra não chorar.
Eles, os políticos, misturam ficção com realidade e fazem essa coisa incrível que vemos de anos em anos. Se estiverem na mira de espectadores, agirão como santos, sem a discrição dos santos, obviamente. E quando ninguém os vê, bem, aí é outra história... Câmeras escondidas nos atestam coisas... Eu não vou dizer. Vocês lêem/vêem jornais. Sim?
Alguns políticos chegam a supor, em tempos de eleição, que estamos no país das maravilhas, ou logo entraremos nele... Somos Alice! Políticos são quase “messiânicos”, ou mais que isso. Nem El-Rei Dom Sebastião quis tanto! Não sei se o protótipo de messias que temos no inconsciente ousaria tanto quanto alguns desses políticos! Eles ousam mais, eu acho. Porque o meu Messias (crido Deus) já veio, pretendeu bem menos nessa esfera, e nem de longe resolveu tudo!
Agora que as eleições estão prestes a acontecer, eles, os políticos, “pirlimpimpim”... desaparecerão! Nada de sorrisos (pra lá de artificiais), apertos de mão calorosos, extremado amor aos pobres, visitas às periferias, cafezinhos nos botecos, promessas, promessas, promessas... Desse espetáculo cíclico, o que aprenderemos? Que daqui a quatro anos seremos outra vez imbecilizados? Que nunca nos respeitarão? Que só querem nosso voto e nada mais?
Sim, políticos hay. O que não hay é defasagem na educação, escolas em péssimas condições, hospitais em estado de calamidade, negligência explícita em vários setores públicos etc. Graças a Deus políticos hay, para que essas coisas não hayam, e receio que os melhores do mundo, os mais eficientes, estejam em meu país. O que não hay: miséria, fome, violência, corrupção. Ai! Não, corrupção não hay mesmo! Tudo isso é ficção, coisa dum cinema nacional pessimista e apelativo! A minha pátria é bela, como só ela! Nem paralela, é bela, quase paranormal! Coisas ruins, claro, não hay! Mas se não hay, se tudo está perfeito, para que servem os políticos?
Quase me inclinei a pensar hoje cedo – pequei, Senhor! – que (não, não vou dizer... vou dizer...) nossa democracia é uma farsa! Exagerei. Peço perdão! Porque pensei (mal) que o povo é refém de corsários, e eu não gosto dos que ultrajam o povo! Seja na política, seja na religião ou no que for. É que políticos me deixam tonto, com seus discursos. Eles tentam me convencer do que dizem. Mas, o que dizem? No dia em que eu os entender, eu morro! Eu sei que eu morro! Preciso voltar pra escola e aprender tudo de novo! Sou tão burro! Nem português a gente sabemos direito! Eu não entendo o que eles dizem, e dizem que eles não dizem nada! Aí me sinto culpado, por não entender sequer o nada que eles dizem!
O melhor dos ficcionistas sentiria inveja, se reparasse bem, sentiria inveja do traquejo desses que tudo podem com um microfone na mão. A outra (mão) deve estar bem ocupada! A língua que eles, os politikói, falam é coisa que nenhum poeta alcançou! Eu os invejo, vem talvez daí o meu despeito! Acho que me insultam, mas eu não entendo. Cospem na minha pequena inteligência, e eu entendo menos ainda. Subestimam minha vontade às vezes boa, às vezes ruim. Dizem o que eu sei desdito desde o primeiro instante. Coisa que nem Deus pôde, eles podem... Que inveja Deus deve sentir dessas criaturinhas! Seus olhos piedosos, enquanto discursam, não me convencem mais. Acho que perdi a fé neles. Tirando um ou outro “bonzinho”, que los hay eu sei que hay si hay, tirando estes, a grande maioria se declara, por pensamentos e palavras, atos e omissões, grandissíssimos filhos da pátria, a que os pariu para a América nacional. Eu ia dizer “merda”, mas por pudor me contive. Como seguir acreditando, se eu quero viver cem anos, mas aos 31 já tenho a memória carregada de frustrações políticas? Eu até tento crer, mas os jornais todos os dias me mostram fichas sujas e mais que tudo, o que eu não queria ler, aquela palavra horrível e tão frequente no cenário nacional: CORRUPÇÃO. Mas esta não hay, deve ser intriga da oposição. O que hay são políticos, políticos hay...
Mesmo sem fé, alguma esperança me acompanhará e a cada patrício, semana que vem, na importante visita à caixinha eletrônica, mágica, das votações... Votemos!

Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 27 de setembro de 2010.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com

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