A famosa fulana de tal “pagou
peitinho”...
Já é enorme a lista de celebridades e,
especialmente, subcelebridades (aquelas pessoas que não cabem em classificação
alguma, não têm talento algum, mas acreditam-se celebérrimas), que “pagaram
peitinho”.
É possível que meu mais requintado –
recatado? – leitor não saiba o que significa “pagar peitinho”. Deixe-me, então,
explicar... Ou, melhor, tentar...
O que chamam de “pagar peitinho” dá-se
da seguinte forma: uma pessoa, involuntariamente (ou fingindo que é), deixa
escapar, do que quer que esteja vestindo, uma fração de seu seio, às vezes
mínima, como se assim do nada fosse solta a parte de cima da vestimenta,
expondo a criatura aos olhos devassos do mundo. O fato se dá na praia, na
maioria das vezes, mas pode ocorrer nos lugares mais improváveis (use sua
criatividade ou veja as notícias). As vítimas quase sempre são siliconadas, já
estiveram em outras manchetes com títulos: “fulana exibe corpão em tal praia”,
ou “sicrana (nunca digam “siclana”, tá?) causa (sic) em tal lugar”, ou “fulano
beijou fulano ou fulana (o gênero tanto faz)” etc. A essas frases basta aplicar
nomes e lugares “famosos”, o texto é igual no restante.
Nestas ocasiões, por incrível
coincidência ou trama do destino, há um paparazzo de plantão, que estará com a
câmera apontada para a pessoa “famosa”, naquele exato momento. Para cada “peitinho” ou
“corpão”, muitos flashes, com direito a “beicinho” e péssima interpretação de
cara de surpresa.
No dia seguinte, a “celebridade”
fotografada estará nas principais manchetes de certo tipo de mídia, alguém
falará disso nas redes sociais e até na televisão.
Isto de “pagar peitinho” é coisa complexíssima,
como fenômeno de massa das celebridades subcelebridades. Mas surpreende cada
vez menos! A quem interessa esse tipo de matéria, visto que há considerável
incidência de publicações desta natureza?
Neste tempo em que ver uma mulher nua ou
seminua é raro, raríssimo, tão incomum quanto improvável, talvez até impossível,
tal é a não banalização da nudez, inclusive artística; ver um milésimo de peito
de alguém cujo talento é do mesmo tamanho do seu “pagar um peitinho”, e que se
resume a exatamente isso, é realmente um acontecimento digno de ser noticiado e
comentado como negócio de primeiríssima ordem.
No meio de tantas coisas fúteis, nesta era
de mediocridades reinantes à luz de seus próprios holofotes, ficou muito chato
falar de coisas realmente sérias.
Antonio
Fabiano