A TÍTULO DE ARREMATE
Clauder Arcanjo
clauderarcanjo@gmail.com
Para Antonio Fabiano
Ouço os versos do Cancioneiro da Terra
E sinto que há sertão na calçada
Na praça calada, na frente da casa fechada
No olho cego da multidão muito assustada
No bem-te-vi festivo e sempre (in)oportuno
No beiral da mansão quase orquestrada
No salão de festas, cheio e vazio de fadas
No queijo ofertado na mesa grande e farta
No assobio do vigia clamando pela madrugada
No rouxinol invisível, perdido no verão assombrado
Na rapariga que caminha cambiante; hoje, assexuada
No jornal que cospe sangue nas páginas dobradas
No matuto que há dentro mim, apesar de amansado.
Leio e releio a poética de Cancioneiro da Terra
E... pressinto que há canção nesta saudade alada.
Jornal O Mossoroense
em 11 de janeiro de 2015