Quando eu desci do carro
Disse agradecido
Como à moda de alheio costume:
‘É aqui que eu me escondo’.
Depois fiquei acanhado
Porque é tão óbvio dizer
Coisas tipo ‘me escondo’
Em tal e comum deslugar...
Inconformado voltei
(Ai, ninguém entendeu nada!)
Entrei no carro outra vez
Saí e disse re-inédito:
‘É aqui que eu me abrigo
Das chuvas quando elas chovem
Mas se venta
E vêm tempestades
Abro as portas e as janelas
Abro os braços
Acendo velas
E espero
Confiante
Que entre a primeira coisa
E esta última anunciada
Um raio do céu nos parta!
Quer entrar?’
Antonio Fabiano
Direitos reservados
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
SOPRO
O mar pediu-me um sopro...
Isto é ventura!
Sopro...
Inflam-se as velas...
Eia, navegação!
Mas neste azul profundo
De conquistas
Voltaram-se os meus olhos para o céu...
Deixei o mar no mar,
Sou das alturas!
Antonio Fabiano
Direitos reservados
Isto é ventura!
Sopro...
Inflam-se as velas...
Eia, navegação!
Mas neste azul profundo
De conquistas
Voltaram-se os meus olhos para o céu...
Deixei o mar no mar,
Sou das alturas!
Antonio Fabiano
Direitos reservados
MAR REVOLTO
Eu vejo as ondas que se quebram no rochedo.
De vê-las choro.
No litoral distante do mar pleno
Tem-me este mar todas as vezes que me quer.
Fui náufrago:
Navio velas tábuas
Marinheiro
Cordas vozes
Grito pulso dor
Espuma flutuante
Amor.
Ainda hoje não sei
A desrazão de me terem plantado
Tão longe do mar!...
Antonio Fabiano
Direitos reservados
De vê-las choro.
No litoral distante do mar pleno
Tem-me este mar todas as vezes que me quer.
Fui náufrago:
Navio velas tábuas
Marinheiro
Cordas vozes
Grito pulso dor
Espuma flutuante
Amor.
Ainda hoje não sei
A desrazão de me terem plantado
Tão longe do mar!...
Antonio Fabiano
Direitos reservados
segunda-feira, 28 de março de 2011
TARDE DE DOMINGO E FUTEBOL
Até agora nada! O que é que eu faço? Sei lá! Qualquer coisa!... Humm... Algumas tardes de domingo são de horrível tédio! Que nada! Hoje, não, bobo! Por quê? Té parece que você não sabe! Vai ter jogo! Do Campeonato Mineiro.
Hoje aqui em BH, como é mineiro dizer e econômico demais, teve transmissão de jogo. Sim, transmissão. O jogo mesmo aconteceu na terra do ET, pra quem não sabe (mas todo mundo sabe!), em Varginha, lá no Sul de Minas. Bem lá, indo toda a vida... Pois é, Cruzeiro e América. Nem vou dizer quem ganhou...
É aquela zoeira que não se acaba mais! Das janelas dos prédios uma gritaria doida... E o que eles queimam de pólvora, para exprimir seu desvairado júbilo! Parece até final de Copa do Mundo! Porém é sempre assim, até nos jogos mais simplesinhos. Simplesinhos? Futebol aqui não é coisa simplesinha não. E... que palavra estranha! Pior ainda quando jogam os clubes mais tradicionais! Fala sério! Você consegue imaginar um comentarista esportivo falando “simplesinho”, durante a narração? Quanto mais num clássico!
Queria entender esta histeria coletiva tão bonita dos mineiros. Acho que não entendo nada. É melhor não entender. Eu fico só ouvindo, admirando...
Ligo o rádio. É legal ouvir o jogo via rádio. Ficar imaginando cada lance, acreditando no que diz o cara que fala, fala, fala... não sei quantas mil coisas por minuto! Tudo isso que ele diz vai inventando o jogo, com meias verdades e mentiras, um tanto de paixão, coisa da qual ninguém escapa. De acordo com o humor do bobo deslancha-se em oráculos o final de cada tempo. É quase uma parúsia, o final dos tempos.
Deixo de lado o rádio. Ligo a TV. Que chato ficar vendo e ouvindo ao mesmo tempo o óbvio, a palavra verborrágica de um narrador ensimesmado que é chato, chato, até não poder mais! Refiro-me ao da televisão, claro, o do rádio não. Eu fico só vendo, então. Baixo o volume da TV. Até aparecer “mute”. Calei com o botão do meu controle remoto alguns mil torcedores e, principalmente, este comentarista insuportável! Assim está melhor. É coisa espetacular só ver os jogadores em campo, sem nenhum ruído de nada. Só a imagem em movimento. Eles dançam? Lutam? Parece que se xingam por gestos, uns se abraçam. Trem esquisito, sô! Mas bão!
Os jogadores ainda se movem, no meio do campo e do silêncio alternativo que eu lhes dei, quando pela quarta vez goooooooooollllllll!!!!!!!... Como não ouvir nada? Os mineiros voltam a gritar! Berram das janelas dos prédios. Parece que o mundo inteiro está gritando! E não está? Desligo a televisão. É melhor ouvir o ruidoso ...ooooollllll da rua. Só ouvir. E amar o delírio coletivo desta gente tão boa e engraçada. As duas torcidas se enfrentam no grito! Uma catarse linda!
O jogo ainda não acabou. Mas pra não decidir quem ganha, eu me empato.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 27 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
Hoje aqui em BH, como é mineiro dizer e econômico demais, teve transmissão de jogo. Sim, transmissão. O jogo mesmo aconteceu na terra do ET, pra quem não sabe (mas todo mundo sabe!), em Varginha, lá no Sul de Minas. Bem lá, indo toda a vida... Pois é, Cruzeiro e América. Nem vou dizer quem ganhou...
É aquela zoeira que não se acaba mais! Das janelas dos prédios uma gritaria doida... E o que eles queimam de pólvora, para exprimir seu desvairado júbilo! Parece até final de Copa do Mundo! Porém é sempre assim, até nos jogos mais simplesinhos. Simplesinhos? Futebol aqui não é coisa simplesinha não. E... que palavra estranha! Pior ainda quando jogam os clubes mais tradicionais! Fala sério! Você consegue imaginar um comentarista esportivo falando “simplesinho”, durante a narração? Quanto mais num clássico!
Queria entender esta histeria coletiva tão bonita dos mineiros. Acho que não entendo nada. É melhor não entender. Eu fico só ouvindo, admirando...
Ligo o rádio. É legal ouvir o jogo via rádio. Ficar imaginando cada lance, acreditando no que diz o cara que fala, fala, fala... não sei quantas mil coisas por minuto! Tudo isso que ele diz vai inventando o jogo, com meias verdades e mentiras, um tanto de paixão, coisa da qual ninguém escapa. De acordo com o humor do bobo deslancha-se em oráculos o final de cada tempo. É quase uma parúsia, o final dos tempos.
Deixo de lado o rádio. Ligo a TV. Que chato ficar vendo e ouvindo ao mesmo tempo o óbvio, a palavra verborrágica de um narrador ensimesmado que é chato, chato, até não poder mais! Refiro-me ao da televisão, claro, o do rádio não. Eu fico só vendo, então. Baixo o volume da TV. Até aparecer “mute”. Calei com o botão do meu controle remoto alguns mil torcedores e, principalmente, este comentarista insuportável! Assim está melhor. É coisa espetacular só ver os jogadores em campo, sem nenhum ruído de nada. Só a imagem em movimento. Eles dançam? Lutam? Parece que se xingam por gestos, uns se abraçam. Trem esquisito, sô! Mas bão!
Os jogadores ainda se movem, no meio do campo e do silêncio alternativo que eu lhes dei, quando pela quarta vez goooooooooollllllll!!!!!!!... Como não ouvir nada? Os mineiros voltam a gritar! Berram das janelas dos prédios. Parece que o mundo inteiro está gritando! E não está? Desligo a televisão. É melhor ouvir o ruidoso ...ooooollllll da rua. Só ouvir. E amar o delírio coletivo desta gente tão boa e engraçada. As duas torcidas se enfrentam no grito! Uma catarse linda!
O jogo ainda não acabou. Mas pra não decidir quem ganha, eu me empato.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 27 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
sexta-feira, 25 de março de 2011
O MENINO DRUMMOND...
quinta-feira, 24 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
RITO ANCESTRAL
Eu me lembro
De antes de ter crescido
Ter visto muitas vezes
Meu avô
Sentado num banquinho
Fazendo a sua barba
Era sagrado aquele ritual
Diante de um espelho
Antigo...
Meu avô parecia desafiar o tempo!
Depois vi
Outras tantas vezes
Meu pai
Fazer a barba
O mesmo ritual
Diante de um espelho
Nem tão antigo
Nem tão igual
Vendo aquilo que faziam
Que era bonito de se ver
E tão solene
Com destreza e altivez
Como os padres no altar
Quando celebram missas
... eu sentia inveja
Eu era só um menino
Franzino
Que queria crescer...
Menino
De rosto liso
E cabeleira preta
Então chegou meu tempo
E eu também me pus
Diante de um espelho
Totalmente novo
Para cumprir o ritual
Sagrado
Solene
Tão belo e viril
Que os varões da minha estirpe
Cumprem há séculos!
..................................
De repente corro nas mãos
As contas do rosário:
Os padres-nossos
As santas-marias
Todas as marias mulheres de nossas vidas
Nossas mães e irmãs...
Faltam contas!...
Meu avô não está mais
Partiu
E já não cumpre
Aquele
Antigo ritual
Dos homens de nossa casa
Os cabelos de meu pai
Estão grisalhos...
A barba toda branca!
O meu telhado negro
Vaidade de outrora
Pôs-se a cair...
Já não tenho abundante cabeleira
Mesmo meu rosto
De menino
Passou...
Não é mais tão lisinho
Tempo o mudou
Porém enquanto vivo
Cumpro eu o mesmo ritual
Diante de um espelho
Original
Desafiando o tempo
E lembrando os homens
De nossa casa
Que o tempo alcançou
Antonio Fabiano
Direitos reservados
De antes de ter crescido
Ter visto muitas vezes
Meu avô
Sentado num banquinho
Fazendo a sua barba
Era sagrado aquele ritual
Diante de um espelho
Antigo...
Meu avô parecia desafiar o tempo!
Depois vi
Outras tantas vezes
Meu pai
Fazer a barba
O mesmo ritual
Diante de um espelho
Nem tão antigo
Nem tão igual
Vendo aquilo que faziam
Que era bonito de se ver
E tão solene
Com destreza e altivez
Como os padres no altar
Quando celebram missas
... eu sentia inveja
Eu era só um menino
Franzino
Que queria crescer...
Menino
De rosto liso
E cabeleira preta
Então chegou meu tempo
E eu também me pus
Diante de um espelho
Totalmente novo
Para cumprir o ritual
Sagrado
Solene
Tão belo e viril
Que os varões da minha estirpe
Cumprem há séculos!
..................................
De repente corro nas mãos
As contas do rosário:
Os padres-nossos
As santas-marias
Todas as marias mulheres de nossas vidas
Nossas mães e irmãs...
Faltam contas!...
Meu avô não está mais
Partiu
E já não cumpre
Aquele
Antigo ritual
Dos homens de nossa casa
Os cabelos de meu pai
Estão grisalhos...
A barba toda branca!
O meu telhado negro
Vaidade de outrora
Pôs-se a cair...
Já não tenho abundante cabeleira
Mesmo meu rosto
De menino
Passou...
Não é mais tão lisinho
Tempo o mudou
Porém enquanto vivo
Cumpro eu o mesmo ritual
Diante de um espelho
Original
Desafiando o tempo
E lembrando os homens
De nossa casa
Que o tempo alcançou
Antonio Fabiano
Direitos reservados
terça-feira, 22 de março de 2011
OBAMA, VENHA COMIGO A CARTAGO
Está aí um VIDEOPOEMA do AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA, dirigido por Samir Abujamra.
Versões também em inglês, francês, espanhol e brevemente em árabe, no YouTube.
segunda-feira, 21 de março de 2011
JAPÃO É UM OUTRO NOME QUE SE DÁ A CORAÇÃO
De repente o Japão virou mar e o mar qualquer coisa indesejável. A natureza, a pura e simples natureza, indiferente ao homem deu curso aos seus ensejos, aconteceu-se, com fragor de placas tectônicas e soberba força, a que chamamos, temerariamente, tsunami. A Terra planeta tremeu em seu eixo, desmesurada, dama quase ofendida. E viu-se a discrição de um povo ferida, mais o lagar de lágrimas neste vale, vale de mar, mar não de águas, sim de dor. Veio o caos, a devastação, o não entender nada. Veio a não cidade, o não porto, o não tudo. Então o grito dos que já não gritam, esse insuportável silêncio, a divina comédia natural.
Quer-se a vida de novo, como antes. Sem tremor. Sem sobressalto. Quer-se a cidade que havia. A criança e a borboleta. O que tem asa a voar... Quer-se tudo, porque a casa onde se nasce – seja aqui ou no Japão – é feita de para sempre.
Mas o navio, oh meu Deus, o navio sobre o edifício, a casa em cima do mar, o trem que saiu do trilho e foi longe passear!... O não ter pra onde ir nem se saber encontrar!
De repente, ai, de repente... O que se sabe e não diz: o mundo não para nunca e a vida segue (in)clemente.
A Terra é uma bailarina. Baila, baila a dançarina! Dança sua dança antiga, percorre infinito palco. A Terra, sempre a girar, em sua órbita divina, quase esquecida de si, rodopiante pião, nos chãos das esferas cósmicas. Festiva e brejeira, a Terra. Maruja, a se ataviar. Vestida de lindas águas, anáguas de se adamar, com seu vestido rodado, nas praias a se sobrar...
Sofre-se aqui... de repente. E ainda se sonha e ri! Esperança há e haverá.
Japão é um outro nome que se dá ao coração.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 21 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
-------------------------
Para Selma Hidori e Keiko Yugue.
Quer-se a vida de novo, como antes. Sem tremor. Sem sobressalto. Quer-se a cidade que havia. A criança e a borboleta. O que tem asa a voar... Quer-se tudo, porque a casa onde se nasce – seja aqui ou no Japão – é feita de para sempre.
Mas o navio, oh meu Deus, o navio sobre o edifício, a casa em cima do mar, o trem que saiu do trilho e foi longe passear!... O não ter pra onde ir nem se saber encontrar!
De repente, ai, de repente... O que se sabe e não diz: o mundo não para nunca e a vida segue (in)clemente.
A Terra é uma bailarina. Baila, baila a dançarina! Dança sua dança antiga, percorre infinito palco. A Terra, sempre a girar, em sua órbita divina, quase esquecida de si, rodopiante pião, nos chãos das esferas cósmicas. Festiva e brejeira, a Terra. Maruja, a se ataviar. Vestida de lindas águas, anáguas de se adamar, com seu vestido rodado, nas praias a se sobrar...
Sofre-se aqui... de repente. E ainda se sonha e ri! Esperança há e haverá.
Japão é um outro nome que se dá ao coração.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 21 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
-------------------------
Para Selma Hidori e Keiko Yugue.
domingo, 20 de março de 2011
Elizabeth Bishop (1911 - 1979)
“I Am in Need of Music” - Elizabeth Bishop
I am in need of music that would flow
Over my fretful, feeling fingertips,
Over my bitter-tainted, trembling lips,
With melody, deep, clear, and liquid-slow.
Oh, for the healing swaying, old and low,
Of some song sung to rest the tired dead,
A song to fall like water on my head,
And over quivering limbs, dream flushed to glow!
There is a magic made by melody:
A spell of rest, and quiet breath, and cool
Heart, that sinks through fading colors deep
To the subaqueous stillness of the sea,
And floats forever in a moon-green pool,
Held in the arms of rhythm and of sleep.
Elizabeth Bishop
Originais disponíveis em www.PoemHunter.com - The World's Poetry Archive
Over my fretful, feeling fingertips,
Over my bitter-tainted, trembling lips,
With melody, deep, clear, and liquid-slow.
Oh, for the healing swaying, old and low,
Of some song sung to rest the tired dead,
A song to fall like water on my head,
And over quivering limbs, dream flushed to glow!
There is a magic made by melody:
A spell of rest, and quiet breath, and cool
Heart, that sinks through fading colors deep
To the subaqueous stillness of the sea,
And floats forever in a moon-green pool,
Held in the arms of rhythm and of sleep.
Elizabeth Bishop
Originais disponíveis em www.PoemHunter.com - The World's Poetry Archive
sábado, 19 de março de 2011
SUPPLEMENTARY PERSONALITY...
“A thought expressed in a different language may be practically the same thought, but a feeling or emotion expressed in a different language is not the same feeling or emotion. One of the reasons for learning at least one foreign language well is that we acquire a kind of supplementary personality; one of the reasons for not acquire a new language instead of our own is that most of us do not want to become a different person.”
T. S. Eliot
The Social Function of Poetry (1945)
T. S. Eliot
The Social Function of Poetry (1945)
sexta-feira, 18 de março de 2011
EMISSÁRIO DE UM REI DESCONHECIDO - Fernando Pessoa
Emissário de um rei desconhecido,
Eu cumpro informes instruções de além,
E as bruscas frases que aos meus lábios vêm
Soam-me a um outro e anômalo sentido...
Inconscientemente me divido
Entre mim e a missão que o meu ser tem,
E a glória do meu Rei dá-me o desdém
Por este humano povo entre quem lido...
Não sei se existe o Rei que me mandou.
Minha missão será eu a esquecer,
Meu orgulho o deserto em que em mim estou...
Mas há! Eu sinto-me altas tradições
De antes de tempo e espaço e vida e ser...
Já viram Deus as minhas sensações...
Fernando Pessoa
Eu cumpro informes instruções de além,
E as bruscas frases que aos meus lábios vêm
Soam-me a um outro e anômalo sentido...
Inconscientemente me divido
Entre mim e a missão que o meu ser tem,
E a glória do meu Rei dá-me o desdém
Por este humano povo entre quem lido...
Não sei se existe o Rei que me mandou.
Minha missão será eu a esquecer,
Meu orgulho o deserto em que em mim estou...
Mas há! Eu sinto-me altas tradições
De antes de tempo e espaço e vida e ser...
Já viram Deus as minhas sensações...
Fernando Pessoa
segunda-feira, 14 de março de 2011
O BÁLSAMO DE GALAAD
Fotografias de Antonio Fabiano
Há um tradicional hino (spiritual) afro-americano, cantado há séculos pelas tradições protestantes norte-americanas, que se refere a um determinado “bálsamo de Galaad”. Um bálsamo é uma substância aromática, geralmente composta de resinas, óleos de essências etc. Mas pode ser um óleo usado para alívio de dores, cura de feridas, com propriedades balsâmicas. Um bálsamo é quase sempre sinônimo de perfume, mas também, figurativamente, de consolo, de alívio...
Galaad na Bíblia – a leste do Jordão e ao norte do Jaboc – é particularmente o lugar associado a bálsamos e aromas. De fato, Galaad ou Guilead aparecerá dezenas e dezenas de vezes na Sagrada Escritura, de modo que não é um nome estranho, mas bem familiar ao conhecimento geográfico e alegórico do povo de Deus.
O spiritual a que me referi canta, portanto, que há um bálsamo em Galaad... Esse canto faz clara alusão ao Antigo Testamento. Vejamos alguns exemplos bíblicos, para ilustração do tema.
Em Gn 37,25 quando os irmãos de José o lançam na cisterna para matá-lo, assim que levantam os olhos veem passar a caravana dos ismaelitas, vinda de Galaad, com seus camelos carregados de gomas aromáticas, bálsamos e ládanos ou resinas perfumadas, rumo ao Egito. A estes mercadores, o futuro José do Egito é vendido, dando assim curso ao misterioso desígnio de Deus, que se desvelará numa das histórias mais surpreendentes da escritura santa.
Outra referência emblemática feita a Galaad, no-la encontramos no livro de Jeremias. Ali, o profeta confessa em pungente lamentação: “Sem remédio, a dor me invade, / o meu coração está doente! / Eis o grito de socorro da filha de meu povo, / de uma terra longínqua. / ‘Não está mais o Senhor em Sião? / Seu Rei não está nela? (...)’ Por causa da ferida da filha do meu povo eu fui ferido, / fiquei triste, o pavor me dominou.” (cf. Jr 8,18-21). Em meio a esse quadro de desolação se insinua o poder do misterioso bálsamo de Galaad: “Não há um bálsamo em Galaad? / Não há lá um médico? / Por que não progride / a cura da filha de meu povo?” (Jr 8,22). Essa ideia reaparece mais adiante, em Jr 46,11. Aí, enfaticamente, se dirá: “Sobe a Galaad e toma contigo [procura] o bálsamo”...
Também uma rápida visita ao Cântico dos Cânticos, o livro mais apaixonado da Bíblia, poderá nos deixar perplexos, pela incrível variedade de odores, óleos que escorrem, bálsamos, mirras, cheiros de mandrágoras, vinha... Tudo, da primeira à última página, perpassado de erotismos. Lá, mais que o vinho, nos embriagam tais perfumes!...
E o apóstolo Paulo, no Novo Testamento, nos fala do bom odor de Cristo: para ele o cristão deve exalar o perfume de Jesus.
Mas voltemos ao canto... Apesar de suas raízes estarem fincadas no Antigo Testamento, ele assumiu na boca e no coração dos negros norte-americanos uma conotação totalmente cristã, neotestamentária, estreitamente ligada ao conceito de salvação em Jesus Cristo. Canta-se, inclusive, em uma de suas mais conhecidas estrofes, o próprio Espírito Santo, que nas tradições cristãs é também associado à unção, bálsamo, óleo, poder de cura...
São inúmeras as versões deste hino, interpretadas pelas mais humildes e célebres vozes. O “Bálsamo de Galaad” tornou-se um verdadeiro clássico! Porém, refrão e estrofes podem variar muito, de acordo com o tempo e o lugar de sua execução. Aqui, transcrevo apenas o começo de uma das mais conhecidas versões:
“There is a balm in Gilead
To make the wounded whole;
There is a balm in Gilead
To heal the sin-sick soul.
Some times I feel discouraged,
And think my work’s in vain,
But then the Holy Spirit
Revives my soul again.”
Eu traduzo este trechinho da seguinte forma:
Há um bálsamo em Galaad
Capaz de curar todos os feridos.
Há um bálsamo em Galaad
Que cura toda alma enferma de pecado.
Às vezes eu me sinto cansado
E penso que meu trabalho é vão.
Mas então o Espírito Santo vem
E reaviva minha alma outra vez.
Viver é, como eu digo muitas vezes, arriscado demais!... Não se vive tanto, nem se vive de verdade, sem algumas marcas. Nossa existência é alternada por dias bons e dias não tão bons, por estações diversas (pelo menos quatro...), por momentos de felicidade, tanto quanto pela realidade do sofrimento ou da perda, dias de luto e dias de cobrir nossos farrapos com adornos de alegria! Agora é sombra ou claridade? Treva ou luz? Nossas escolhas determinarão o que ao fim se dirá da nossa existência. Pois alguém pode até encontrar razões para ser triste, mas nunca o será por falta de felicidades possíveis!
Ora, nós veremos que se chegamos até aqui (exatamente ao ponto da vida onde nos encontramos), é porque fomos além, não paramos de vez no meio do caminho, não desistimos, apesar dos cansaços. E não se vai tão longe sem muitas marcas, bolhas nos pés, feridas na alma, sofrimentos, derrotas, decepções... Tudo ao lado das muitas conquistas, alegrias, insígnias de glória, primaveras, sol, vitórias!... Em certo sentido somos, como diz o Apocalipse de São João, vencedores de muitas tribulações! Quero enfatizar “vencedores”, mas sem esta de embarcar nos trens baratos da autoajuda.
Os antigos guerreiros não se envergonhavam das cicatrizes que traziam das lutas, muito pelo contrário, orgulhavam-se delas! Também Jesus não apagou, depois da ressurreição, as marcas da cruz. Ele mostrou-as aos seus discípulos como sinal de vitória! Os que se dizem seus seguidores carregam, igualmente, pela fé as suas marcas; e, infelizmente, muitas outras. O que há em nós nem sempre é pacífica cicatriz, mas, às vezes, inflamadas chagas. E, isso, obviamente dói e precisa ser tratado! Mas não nos assombremos, aborda-se aqui a maravilhosa condição humana! Anjos não têm feridas, nem dores de dente! Humanos, sim! E o que somos? Ser anjo deve ser muito chato! Deus me livre! Ser humano é bom e já nos basta!...
Falei hoje desse misterioso bálsamo de Galaad porque, em meio às agitações do cotidiano e tsunamis da vida, talvez nos convenha parar para rever conceitos, abolir alguns dos muitos preconceitos que sustentamos (inclusive nas religiões), reconfigurar nossa visão de mundo e demais perspectivas, deixar, sempre de bem com a vida, esta mesma vida nos levar... E (re)começar a ser pessoas ainda melhores do que já somos!
Há um bálsamo em Galaad! Busquem-no! E, quando o encontrarem, dividam-no com todo mundo.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 14 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
-----------------------------------
“THERE IS A BALM IN GILEAD”…
(para ouvir siga os links)
Versão moderna:
http://www.youtube.com/watch?v=BN9JALQRMb0
Versão tradicional:
http://www.youtube.com/watch?v=DFMY4V7RdbU&feature=fvwrel
Há um tradicional hino (spiritual) afro-americano, cantado há séculos pelas tradições protestantes norte-americanas, que se refere a um determinado “bálsamo de Galaad”. Um bálsamo é uma substância aromática, geralmente composta de resinas, óleos de essências etc. Mas pode ser um óleo usado para alívio de dores, cura de feridas, com propriedades balsâmicas. Um bálsamo é quase sempre sinônimo de perfume, mas também, figurativamente, de consolo, de alívio...
Galaad na Bíblia – a leste do Jordão e ao norte do Jaboc – é particularmente o lugar associado a bálsamos e aromas. De fato, Galaad ou Guilead aparecerá dezenas e dezenas de vezes na Sagrada Escritura, de modo que não é um nome estranho, mas bem familiar ao conhecimento geográfico e alegórico do povo de Deus.
O spiritual a que me referi canta, portanto, que há um bálsamo em Galaad... Esse canto faz clara alusão ao Antigo Testamento. Vejamos alguns exemplos bíblicos, para ilustração do tema.
Em Gn 37,25 quando os irmãos de José o lançam na cisterna para matá-lo, assim que levantam os olhos veem passar a caravana dos ismaelitas, vinda de Galaad, com seus camelos carregados de gomas aromáticas, bálsamos e ládanos ou resinas perfumadas, rumo ao Egito. A estes mercadores, o futuro José do Egito é vendido, dando assim curso ao misterioso desígnio de Deus, que se desvelará numa das histórias mais surpreendentes da escritura santa.
Outra referência emblemática feita a Galaad, no-la encontramos no livro de Jeremias. Ali, o profeta confessa em pungente lamentação: “Sem remédio, a dor me invade, / o meu coração está doente! / Eis o grito de socorro da filha de meu povo, / de uma terra longínqua. / ‘Não está mais o Senhor em Sião? / Seu Rei não está nela? (...)’ Por causa da ferida da filha do meu povo eu fui ferido, / fiquei triste, o pavor me dominou.” (cf. Jr 8,18-21). Em meio a esse quadro de desolação se insinua o poder do misterioso bálsamo de Galaad: “Não há um bálsamo em Galaad? / Não há lá um médico? / Por que não progride / a cura da filha de meu povo?” (Jr 8,22). Essa ideia reaparece mais adiante, em Jr 46,11. Aí, enfaticamente, se dirá: “Sobe a Galaad e toma contigo [procura] o bálsamo”...
Também uma rápida visita ao Cântico dos Cânticos, o livro mais apaixonado da Bíblia, poderá nos deixar perplexos, pela incrível variedade de odores, óleos que escorrem, bálsamos, mirras, cheiros de mandrágoras, vinha... Tudo, da primeira à última página, perpassado de erotismos. Lá, mais que o vinho, nos embriagam tais perfumes!...
E o apóstolo Paulo, no Novo Testamento, nos fala do bom odor de Cristo: para ele o cristão deve exalar o perfume de Jesus.
Mas voltemos ao canto... Apesar de suas raízes estarem fincadas no Antigo Testamento, ele assumiu na boca e no coração dos negros norte-americanos uma conotação totalmente cristã, neotestamentária, estreitamente ligada ao conceito de salvação em Jesus Cristo. Canta-se, inclusive, em uma de suas mais conhecidas estrofes, o próprio Espírito Santo, que nas tradições cristãs é também associado à unção, bálsamo, óleo, poder de cura...
São inúmeras as versões deste hino, interpretadas pelas mais humildes e célebres vozes. O “Bálsamo de Galaad” tornou-se um verdadeiro clássico! Porém, refrão e estrofes podem variar muito, de acordo com o tempo e o lugar de sua execução. Aqui, transcrevo apenas o começo de uma das mais conhecidas versões:
“There is a balm in Gilead
To make the wounded whole;
There is a balm in Gilead
To heal the sin-sick soul.
Some times I feel discouraged,
And think my work’s in vain,
But then the Holy Spirit
Revives my soul again.”
Eu traduzo este trechinho da seguinte forma:
Há um bálsamo em Galaad
Capaz de curar todos os feridos.
Há um bálsamo em Galaad
Que cura toda alma enferma de pecado.
Às vezes eu me sinto cansado
E penso que meu trabalho é vão.
Mas então o Espírito Santo vem
E reaviva minha alma outra vez.
Viver é, como eu digo muitas vezes, arriscado demais!... Não se vive tanto, nem se vive de verdade, sem algumas marcas. Nossa existência é alternada por dias bons e dias não tão bons, por estações diversas (pelo menos quatro...), por momentos de felicidade, tanto quanto pela realidade do sofrimento ou da perda, dias de luto e dias de cobrir nossos farrapos com adornos de alegria! Agora é sombra ou claridade? Treva ou luz? Nossas escolhas determinarão o que ao fim se dirá da nossa existência. Pois alguém pode até encontrar razões para ser triste, mas nunca o será por falta de felicidades possíveis!
Ora, nós veremos que se chegamos até aqui (exatamente ao ponto da vida onde nos encontramos), é porque fomos além, não paramos de vez no meio do caminho, não desistimos, apesar dos cansaços. E não se vai tão longe sem muitas marcas, bolhas nos pés, feridas na alma, sofrimentos, derrotas, decepções... Tudo ao lado das muitas conquistas, alegrias, insígnias de glória, primaveras, sol, vitórias!... Em certo sentido somos, como diz o Apocalipse de São João, vencedores de muitas tribulações! Quero enfatizar “vencedores”, mas sem esta de embarcar nos trens baratos da autoajuda.
Os antigos guerreiros não se envergonhavam das cicatrizes que traziam das lutas, muito pelo contrário, orgulhavam-se delas! Também Jesus não apagou, depois da ressurreição, as marcas da cruz. Ele mostrou-as aos seus discípulos como sinal de vitória! Os que se dizem seus seguidores carregam, igualmente, pela fé as suas marcas; e, infelizmente, muitas outras. O que há em nós nem sempre é pacífica cicatriz, mas, às vezes, inflamadas chagas. E, isso, obviamente dói e precisa ser tratado! Mas não nos assombremos, aborda-se aqui a maravilhosa condição humana! Anjos não têm feridas, nem dores de dente! Humanos, sim! E o que somos? Ser anjo deve ser muito chato! Deus me livre! Ser humano é bom e já nos basta!...
Falei hoje desse misterioso bálsamo de Galaad porque, em meio às agitações do cotidiano e tsunamis da vida, talvez nos convenha parar para rever conceitos, abolir alguns dos muitos preconceitos que sustentamos (inclusive nas religiões), reconfigurar nossa visão de mundo e demais perspectivas, deixar, sempre de bem com a vida, esta mesma vida nos levar... E (re)começar a ser pessoas ainda melhores do que já somos!
Há um bálsamo em Galaad! Busquem-no! E, quando o encontrarem, dividam-no com todo mundo.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 14 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
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“THERE IS A BALM IN GILEAD”…
(para ouvir siga os links)
Versão moderna:
http://www.youtube.com/watch?v=BN9JALQRMb0
Versão tradicional:
http://www.youtube.com/watch?v=DFMY4V7RdbU&feature=fvwrel
terça-feira, 8 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
A CERVEJA, TUA CRIATURA, SENHOR!...
A cervejaria mais antiga do mundo, no mosteiro de São Sixto, na Bélgica.
A Santa Madre Igreja, minha mãe, não cessa de me surpreender, tirando de seu baú coisas antigas e novas. Na verdade, algumas novas parecem bem antigas, e algumas antigas são verdadeiras novidades, pelo menos para mim, que não tenho nem quarenta dos dois mil anos que ela juvenilmente ostenta. Mas como eu ia dizendo, um confrade me apareceu esta semana com um achado daqueles! Sintomaticamente às vésperas do carnaval... Ele descobriu que há no antigo ritual romano, em limpidíssimo latim, uma bênção própria para a cerveja! Ora, vejam, ninguém pode negar que isso soa bem engraçado a meninos tropicais como nós! Tá, a meninas também e garotas de Ipanema!... Sequer nos lembramos que antes de irem aos bares modernos, as cervejas se achavam não só nas tabernas, mas eram especialmente fabricadas em mosteiros. Que a cerveja apreciada com moderação – estupidamente gelada, em terra estupidamente quente como a nossa – é uma bênção, já ninguém duvidava! E até o Papa alemão tem a sua... Ou nunca ouviram falar da “Papst Bier”? Perguntem ao tio Google! Mas antes que me acusem de heresia, sobretudo se têm algo contra cervejas e pensam, erroneamente, que estou fazendo apologia a carraspanas, bebam água gelada, relaxem e me deixem terminar. A bênção da cerveja dava-se nos barris, antes do engarrafamento. Sem dúvida era levada muito a sério! Depois das invocações costumeiras, tipo “O Senhor esteja convosco...”, o que se segue na fórmula é a seguinte oração que eu traduzo assim: “Abençoa, Senhor, a cerveja, esta criatura que te dignaste produzir da generosidade dos grãos, para que seja ao gênero humano remédio salutar; e dá-nos, ainda, pela invocação do teu santo nome, que quem dela beber ganhe a saúde do corpo e a proteção da alma. Por Cristo Senhor nosso.” Responde-se “amém”. Em seguida asperge-se água benta. Estou persuadido de que, tirando a água benta, alguns amigos meus gostarão muito disso. Ou não? Seja como for, apreciem com moderação!
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 7 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
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Um brinde ao Frei Cardoso.
Esta crônica, para Ana Paula e meus amigos do bloco Alcoologia de Cerro Corá.
PS: Por pouco não publiquei também as fotos do Papa Bento XVI, então Cardeal, bebendo cerveja, como fazem licitamente europeus e cidadãos de todo o mundo. As fotos estão disponíveis na Web, inclusive em sites católicos conservadores, sem qualquer indício de escrúpulo ou reprovação. Afinal, se faz bem, que mal tem?
A Bênção da Cerveja no antigo Ritual Romano
V. Adjutorium nostrum in nomine Domini.
R. Qui fecit caelum et terram.
V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.
Oremus.
Bene+dic, Domine, creaturam istam cerevisiae, quam ex adipe frumenti producere dignatus es: ut sit remedium salutare humano generi, et praesta per invocationem nominis tui sancti; ut, quicumque ex ea biberint, sanitatem corpus et animae tutelam percipiant. Per Christum Dominum nostrum.
R. Amen.
Et aspergatur aqua benedicta.
R. Qui fecit caelum et terram.
V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.
Oremus.
Bene+dic, Domine, creaturam istam cerevisiae, quam ex adipe frumenti producere dignatus es: ut sit remedium salutare humano generi, et praesta per invocationem nominis tui sancti; ut, quicumque ex ea biberint, sanitatem corpus et animae tutelam percipiant. Per Christum Dominum nostrum.
R. Amen.
Et aspergatur aqua benedicta.
quinta-feira, 3 de março de 2011
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - ARTE CONTEMPORÂNEA
Programa Diálogos - Arte Contemporânea - Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=wtIgBFm17R0
Programa Diálogos - Arte Contemporânea - Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=PdDotBgHzmk
http://www.youtube.com/watch?v=wtIgBFm17R0
Programa Diálogos - Arte Contemporânea - Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=PdDotBgHzmk
Há vídeos muito interessantes com o Affonso, na Internet. Procurem, por exemplo, sua entrevista no Programa do Jô Soares. Os links aí sugeridos são de uma conversa mais recente, bem interessante...
quarta-feira, 2 de março de 2011
“L'AMOUR, HUM HUM, PAS POUR MOI!”
Nada contra o amor!... Aliás, amo a voz desta cantora e gosto muito do seu “blues”...
L'amour – Carla Bruni
L'amour, hum hum, pas pour moi.
Tous ces "toujours",
C'est pas net, ça joue des tours,
Ça s'approche sans se montrer,
Comme un traître de velours,
Ça me blesse, ou me lasse, selon les jours.
L'amour, hum hum, ça ne vaut rien.
Ça m'inquiète de tout,
Et ça se déguise en doux,
Quand ça gronde, quand ça me mord,
Alors oui, c'est pire que tout.
Car j'en veux, hum hum, plus encore.
Pourquoi faire ce tas de plaisirs, de frissons,
De caresses, de pauvres promesses?
A quoi bon se laisser reprendre,
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade.
L'amour, hum hum, ça me va pas.
C'est pas du Saint-Laurent,
Ça ne tombe pas parfaitement,
Si je ne trouve pas mon style,
Ce n'est pas faute d'essayer,
Et l'amour, hum hum, je laisse tomber.
A quoi bon ce tas de plaisirs, de frissons,
De caresses, de pauvres promesses?
Pourquoi faire se laisser reprendre,
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade.
L'amour, hum hum, j'en veux pas.
J'préfère les temps en temps,
Je préfère le goût du vent,
Ou le goût étrange et doux de la peau de mes amants,
Mais l'amour, hum hum, pas vraiment.
Original :
http://www.youtube.com/watch?v=N89Md8k6XXk
Vivo (com pequenas variações na letra):
http://www.youtube.com/watch?v=flmoa2dVOSU
Aqui, faço uma tradução corriqueira de L'amour. Nem tudo vai ao pé da letra, o que seria obviamente desgracioso...
O AMOR
O amor, hum hum, isso não é pra mim.
Este negócio de “para toda a vida”,
Nem um pouco claro, tão inconsequente,
Que vem sem mostrar a cara,
Tal como um traidor disfarçado,
Isso me machuca ou me cansa, dependendo do dia.
O amor, hum hum, não vale nada.
Ele me tira do sério,
Finge que é doce,
E quando brami e me morde,
Então, sim, acontece o pior,
Porque eu quero, hum hum, mais e mais.
Por que todos estes prazeres, calafrios,
Afagos e tão carentes promessas?
De que vale se deixar envolver,
Pôr o coração em chamas,
Não entender mais nada...
Tudo não passa de uma emboscada!
Este negócio de amor não cola comigo,
Não é um Saint-Laurent,*
Não fica bem em mim,
E se eu não encontrei meu tipo,
Não foi por não tentar,
O amor, eu deixo isso pra lá!
Pra que todos estes deleites, arrepios,
Carinhos e pobres promessas?
De que vale se deixar envolver,
Pôr o coração em chamas,
Não entender mais nada...
Tudo não passa de uma emboscada!
O amor, hum hum, eu não o quero.
Prefiro algo casual,
Prefiro o sabor do vento,
Ou o gosto estranho e ameno da pele de meus amantes,
Mas, isto de amor, hum hum, definitivamente não!
* Saint-Laurent: famosa grife francesa. Yves Saint Laurent (1936-2008) foi um dos mais importantes estilistas do século XX e fundou a sua própria marca.
L'amour – Carla Bruni
L'amour, hum hum, pas pour moi.
Tous ces "toujours",
C'est pas net, ça joue des tours,
Ça s'approche sans se montrer,
Comme un traître de velours,
Ça me blesse, ou me lasse, selon les jours.
L'amour, hum hum, ça ne vaut rien.
Ça m'inquiète de tout,
Et ça se déguise en doux,
Quand ça gronde, quand ça me mord,
Alors oui, c'est pire que tout.
Car j'en veux, hum hum, plus encore.
Pourquoi faire ce tas de plaisirs, de frissons,
De caresses, de pauvres promesses?
A quoi bon se laisser reprendre,
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade.
L'amour, hum hum, ça me va pas.
C'est pas du Saint-Laurent,
Ça ne tombe pas parfaitement,
Si je ne trouve pas mon style,
Ce n'est pas faute d'essayer,
Et l'amour, hum hum, je laisse tomber.
A quoi bon ce tas de plaisirs, de frissons,
De caresses, de pauvres promesses?
Pourquoi faire se laisser reprendre,
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade.
L'amour, hum hum, j'en veux pas.
J'préfère les temps en temps,
Je préfère le goût du vent,
Ou le goût étrange et doux de la peau de mes amants,
Mais l'amour, hum hum, pas vraiment.
Original :
http://www.youtube.com/watch?v=N89Md8k6XXk
Vivo (com pequenas variações na letra):
http://www.youtube.com/watch?v=flmoa2dVOSU
Aqui, faço uma tradução corriqueira de L'amour. Nem tudo vai ao pé da letra, o que seria obviamente desgracioso...
O AMOR
O amor, hum hum, isso não é pra mim.
Este negócio de “para toda a vida”,
Nem um pouco claro, tão inconsequente,
Que vem sem mostrar a cara,
Tal como um traidor disfarçado,
Isso me machuca ou me cansa, dependendo do dia.
O amor, hum hum, não vale nada.
Ele me tira do sério,
Finge que é doce,
E quando brami e me morde,
Então, sim, acontece o pior,
Porque eu quero, hum hum, mais e mais.
Por que todos estes prazeres, calafrios,
Afagos e tão carentes promessas?
De que vale se deixar envolver,
Pôr o coração em chamas,
Não entender mais nada...
Tudo não passa de uma emboscada!
Este negócio de amor não cola comigo,
Não é um Saint-Laurent,*
Não fica bem em mim,
E se eu não encontrei meu tipo,
Não foi por não tentar,
O amor, eu deixo isso pra lá!
Pra que todos estes deleites, arrepios,
Carinhos e pobres promessas?
De que vale se deixar envolver,
Pôr o coração em chamas,
Não entender mais nada...
Tudo não passa de uma emboscada!
O amor, hum hum, eu não o quero.
Prefiro algo casual,
Prefiro o sabor do vento,
Ou o gosto estranho e ameno da pele de meus amantes,
Mas, isto de amor, hum hum, definitivamente não!
* Saint-Laurent: famosa grife francesa. Yves Saint Laurent (1936-2008) foi um dos mais importantes estilistas do século XX e fundou a sua própria marca.
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