segunda-feira, 17 de outubro de 2011

(NÃO) TER UMA PALAVRA...

Ter uma palavra é a maior riqueza. Pobres somos quando incapazes do que minimamente a outros e a nós faz bem. Deixar-se possuir pela palavra é coisa mágica. Não domamos as palavras, senão quando as matamos. Palavras mortas são como guarda-chuvas fechados no meio de um temporal.
Pela palavra tudo foi feito. No princípio era a palavra... E a palavra se fez canto, e habitou entre nós. Somos também feitos de canto, cantar é tudo.
Dar uma palavra a quem precisa é às vezes salvar este que esbarrou nalgum limite, é talvez abrir novos horizontes e inaugurar nos outros como em nós coragem de recomeçar.
Porém, seremos ainda mais ricos quando diante do espanto da vida ou de outra tremenda alegria nos faltar o que dizer. De sorte que de tal pobreza, a mais extrema que é não ter uma palavra, brotará o silêncio de assenhorear-se dos bens secretos, sumamente maiores. Destes se nutrem alguns espíritos. E, finalmente, não ter palavra será a maior riqueza.

Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 17 de outubro de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com

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