O dono do
taxímetro
dono
circunstancial do meu silêncio
no
percurso que àquela rua conduz.
– Sabe que
bicho gosta de viver
naquele
mato?
– Não,
senhor.
– Gambá, e
deve estar cheio deles
ali.
De
passagem, mal se vê
o
emaranhado verde no escuro.
Duas
amendoeiras se entrosam
sobre o
teto de zinco.
Fito.
De verbo
quase em desuso.
“Rubião
fitava a enseada.”
E o
elevado decliva
na Enseada
de Botafogo
constelada
de penumbras. Entro
pela
palavra gambá – entro no poema
com táxi e
tudo.
– Gambá
come galinha, não é mesmo? –
Ouvi dizer
que quem tem galinheiro
costuma
atirar em gambá...
– É um
problema matar esse bicho,
disse,
compungido.
– Fede?
– Não, não
por isso.
Um dia,
pensei – é feio – é mesmo que um
ratinho e
matei só por matar. Um horror.
Ele chora.
Chora alto. Morre chorando. Eu vi,
os olhos
brilhavam. Eu vi as lágrimas. Não, não.
Um horror
(Enseados
afundamos
em ruas
cinco
esquinas em silêncio até o portão)
A cidade
tornaria a entrever no escuro
o
olhar
de um dos
animais mais antigos da Terra.
Contemporâneo
nosso e do tiranossauro!
Em alguma
amendoeira carregada de súplica...
No espelho
retrovisor daquele táxi.
História
natural
Cláudia
Ahimsa
Nenhum comentário:
Postar um comentário