Por ali
vai a moça com as saias de cem
anos como
a dizer:
– Vamos
brincar de Tempo?
Assar para
sempre o pão
no lenho
posto ao quintal.
Aqui tudo
é moral.
Fazer
geleia com laranjas
colhidas
pela mão.
Temperar
ao fogo a água para o banho
e ler
Lutero à luz de candeeiro.
Lá vai a
moça carregando uma abóbora...
Sua sombra
é a topografia inteira.
Dá vontade
de dizer o nome de Paracelso por extenso:
– Philipus
Aureolos Theophrastus Bombastos von
Hohenheim!
Só diante
de Rembrandt estive perto
da luz que
vem de sua janela.
O cavalo
castanho de seu carro
lambe a
paisagem desmesuradamente limpa.
Queira
este poema assim
descritivo
pois do
que vejo nem é permitido dizer tudo.
O moderno
passa ao longe como um fora-da -lei.
Árvores
exalam plumas e pios.
Prendo a
respiração para parecer-me com isto.
Do sopé da
colina a moça acena
Para a
máquina vermelha e japonesa que comigo dentro
oscila
cem anos para trás
e ao
futuro retorna
por uma dobra do campo
como um
óvni.
Amish people
Filadélfia, Pensilvânia, inverno 1994
Cláudia
Ahimsa
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