A lua veio... foi-se... e em breve ainda,
Há de voltar, a doce lua amada,
Sem que eu a veja, a minha fada linda,
Sem que eu a veja a minha boa fada.
Ela há de vir. Ofélia desmaiada,
Sob as nuvens do céu na alvura infinda
Do seu branco roupão, noiva gelada,
Boiando à flor de um rio que não finda.
Ela há de vir, sem que eu a veja... Enquanto,
Com que tristezas e saudoso encanto
Choro estas noites que passando vão...
Ó lua! mostra-me o teu rosto ameno:
Olha que murcha à falta de sereno
O lírio roxo do meu coração!
(SOUZA, Auta de. Horto, 4.ª ed., Natal: Fundação José Augusto, 1970.)
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