A manhã está fria
Como são frias
As manhãs da minha serrana terra cidade.
Mamãe cantava em língua e grafia antigas:
“Cêrro-Corá é seu nome...”
Lá fora outra música
Atravessa
A névoa esparsa
E chega aos meus ouvidos
Fria
Como o cadáver
De um tempo morto
Pesado
Frio.
O tempo gira...
As horas passam...
Apenas algo permanece imóvel.
Passam os homens de argila...
Recordo-me de que também sou pó.
Brusco silêncio me consome.
Sou pão do silêncio.
As mulheres da minha terra
Com seus lenços na cabeça
E muitos nomes Maria
Têm no olhar a piedade
Das santas dos altares.
O vento tange com força
As folhas
Das árvores que dormem no meu pensamento.
Até as folhas do chão
Ganham num instante
Diminuta vida.
Ilusão.
Meu canto é de fria manhã...
Não há poesia no medo.
Antonio Fabiano
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Aposto como ao passar o dia você colocou os versos no congelador, assim eles não te pertubarão mais; também sei que correste a buscar raios de sol.
ResponderExcluirNão tenho dúvida, é a veia artística de Francisquinha, vossa mãe!
ResponderExcluirAdoro quando em seus artigos ou poemas citas o nome da terrinha.
ResponderExcluirObrigado, Alessandra! Mais que citada, a terrinha está gravada no coração... Abraço!
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