MULHERES RICAS?

Estar de férias por uns dias, além de visitar a família e reencontrar tantos amigos, me possibilita ver coisas incríveis na televisão, como o mais recente “reality show” das supostas mulheres ricas do Brasil. Vi apenas a estreia, acho que basta. Diverti-me muito, suficientemente! Perder tempo com o inútil, às vezes pode ser útil. Eis um daqueles programas que todo mundo pode ver sem ser necessariamente burro ou imoral, tirando algum proveito disso. Aprende-se muito com programações como esta, feita por seres como aqueles! Nem preciso descrever sua pauta, meu leitor já o viu e, se não, ainda está em tempo... não perca!
O programa não é apenas cafona, o que poria tudo a perder. É também algo entre trágico e cômico. E se está longe de ser o que pretende, pelo menos dá audiência à emissora e leva pessoas de todos os tipos – inclusive pessoas como eu e você – a comentá-lo ou escrever sobre tal coisa. Vai-se da ostentação esnobe e de mau gosto, à radiografia, mais ou menos fiel, do que há de pior em determinado segmento da elite deste país, para além do que você não sabe se é mesmo realidade ou ficção, visto que a programação em si tange o absurdo e parece um insulto ao país que temos, de gigantescas desigualdades, e onde tantos vivem submersos na mais estrema pobreza ou miséria.
Seria interessante vermos, algum dia, qualquer “reality show” das mulheres pobres do Brasil. Talvez aprendêssemos mais, com a dignidade com que vivem tantas delas e são senhoras da verdadeira vida. Mas como isso não dá ibope, é melhor nos conformarmos à realidade, ou à fantasia, ou à loucura...
Enquanto isso, vejamos na tevê as mulheres “ricas”. Pois há pessoas tão pobres, paupérrimas, miseráveis de espírito, que nada mais lhes resta, senão ter dinheiro. E como nunca saberão o que fazer com tanto, ficarão ainda mais pobres, mais fúteis, mais vazias e prisioneiras de suas próprias ilusões.

Antonio Fabiano
Cerro Corá-RN, 9 de janeiro de 2012.
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