Desprendeu-se da árvore, sem trauma, a paina. Depois foi deslizando lentamente pelo espaço de um tempo incronometrável. Era um desses milagres sem ruído que a natureza se esmera em fazer, com proposital desperdício.
A paina, ah, a paina... parecia uma bailarina branca, dançando no vento, se despedindo da vida – ou de sei lá o quê! Era estrela de meteórica performance, e sua importância estava em ser exatamente a protagonista de um espetáculo que ninguém vê ou, se vê, faz de conta que não viu.
Ele não viu assim, porque a viu e pôs neste ver o tudo. Decerto, quando a paina chegasse ao chão, também se acabaria o mundo. Nela estava o absoluto disfarçado – era tudo e nada, a pobrezinha.
Assim, sem pensar, ele descobriu a importância de cada centésimo, e a brevidade de cada coisa que existe, em comunhão com todas as outras coisas. Mas sorveu também a insignificância do tempo. Sim, meus irmãos, a insignificância do tempo, em face da beleza que rutila e rivaliza com tudo o que não fenece e é eterno, mesmo na temporalidade.
Grande é o que é belo e se acaba assim tão pequeno!... Quando a paina tocou o chão, havia um mar de outras elas, com suas anônimas biografias e estonteante beleza estendida de semente.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 5 de setembro de 2011.
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Para Clegiane Santos Bezerra Dantas
A continuidade da fé torna-a imutavelmente eterna; permaneçamos eternos.
ResponderExcluirBoa Noite Frei Fabiano, por meio de Francisquinha conheci o teu blog. Parabéns e Deus te abençõe, eu sou filha do poeta sindicalista Zé Milanez. Abcs.
ResponderExcluirFico muito feliz por encontrar você, Geralda Efigênia! Seu pai, sim, um grande homem! Abraço!
ResponderExcluirOlha só, tornei-me seu "seguidor"...
ResponderExcluirVocê tem sensibilidade, e beleza dentro... Gosto disso!!!!