O drama do mundo sobre nós ou em nós é fartamente assimilado no prazer ou na dor de ser o que somos e como aqui estamos. Entre estes dois extremos de ser-se e sentir-se assim, havemos de considerar uma via intermédia que pode ser mais cabalmente demonstrada pelo modo de vida dos humanamente experimentados. Estes não são nem serão como os muitos.
Então podemos nos perguntar que coisa é a vida para além desta ponta de iceberg que tão vaga e esparsamente conhecemos; ou se esta vida se perde na bruma do simplesmente estar aqui; ou ainda se ela se confunde com o acidental existir agora assim.
O homem hodierno – isto é fato consumado e já muito vulgarmente dito – fragmentou-se; foge de si mesmo inteiro, por autonegação do antes e do depois por ele não mais crido; não se aceita e burla em sonhos sua essência, pensa e crer-se outra coisa totalmente outra. Estará certo?
Emancipamo-nos de tudo, inclusive da velha e enfadonha moral que por séculos erigiu mundos. Basta que olhemos para a figura mais comumente representativa do ser-se contemporâneo e constataremos isso. Mas com o que ficamos?
Esbanjamos um superficialíssimo tudo de coisas, tornamo-nos enciclopédicos ao toque de um botão, reproduzimos de modo não reflexivo qualquer ideia e logo esvaziamos o pequeno cérebro – não dilatado pelo exercício de sua mais nobre função – para dar lugar, de acordo com as situações e necessidades, a novas e infinitas necessidades.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 25 de abril de 2011.
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