Olhar de burro está sempre acolchoado
de um veludo afectuoso
(Mia Couto)
burros com cargas d'água
passam sede no caminho seco.
(Wescley J. Gama)
mastiga lírios com
as patas e
uma coisa de maior
ternura atravessa
seus pelos.
cambaleia o doce
olhar na paisagem
imóvel, mas
uma cortina de luz
ameaça suas lágrimas.
por isso fica assim
(parado)
a prumo do céu...
o horizonte se encarrega
de deitar o burro nas costas
e a terra ganha um silêncio
ternazulírico.
Iara Maria Carvalho
(Milagreira, Casarão de Poesia Edições, 2011)
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