quarta-feira, 5 de outubro de 2011

AS CANÇÕES DOS NOSSOS EXÍLIOS


Reencontrar Gullar é sempre muito bom... porque a vida não basta!
Hoje: 5 de outubro de 2011.



- para Ferreira Gullar

Cai de repente a nostalgia destes rios
Que inversos correm para dentro de nós
E nos invadem e afogam
Mas não (não)
Nunca morrem.

Como estão vivas as canções de nossos exílios!

O galo canta e eu ouço seu canto que me toma pela mão.
É o anúncio numinoso que antecipa o despertar
Da derradeira aurora.

Meu filho não vem?

Do céu caem brasas.
Pelejo na contínua fúria de amanhecer em cores
Quando tudo é preto e branco
Pelo avesso fogo das panteras
Que me rondam, ameaçam e até mordem
Por dentro.

A vida é um nó gozoso na garganta
Querendo nos enforcar
De modos inconfessáveis
Para nosso pasmo!

E só por isso não me faço,
Embora lindo fosse,
Lírico de vez.

Antonio Fabiano
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Um comentário:

  1. Parabéns! Gostei muito... E que honra ao lado desse grande monstro da nossa Literatura.
    Fellipe Toledo

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