domingo, 23 de outubro de 2011

POEMA PARA FRANCISCO J. C. DANTAS

– 15/12/2001

Minha coivara da memória
É a cartilha do silêncio
Destes que são meus desvalidos...


Os chãos dos desvalidos
E toda desvalença
Vão muito além dos idos
Limites do Aribé.
Vão mais além... Transpassa a
Biboca do Sergipe,
Enche o Nordeste inteiro,
Alcança o mundo, enfim!

Miséria universal...
Transcendental miragem
Da fome, outra, tal
Quão mais vil o seu gume!
Verdade nua, crua:
Sem lua, o sol, o sol...
Limites do Aribé
Vão mais além... sem farça!

Os chãos dos desvalidos
Desvalenças fecundam:
Arribam para baixo...
Abaixam... Mas se afundam?
Sem lei ou mesmo nome
Jaz no relento o homem
Ao fogo que o consome...
Ah! Seu nome é plural!

E onde os desvalidos?
No limbo da desgraça
Um deus pode ver graça!...
Té mesmo o tal destino
Em peleja diária
Rumina suruó:
– Bendita desvalença
Que pelo mundo grassa!

Então, na escuridão,
Já não há lampião,
Já não há lamparina,
É coisa desta sina
Calar a luz inversa
A que não ilumina
A que ofusca, incerta,
A treva do sertão!...

E os pobres desvalidos
Em seis mil chãos partidos
Relutam!... Grande turba
De josés e marias
Caminha sem certezas
Delira em devaneio...
Cumprida, assim, a sina:
Nordeste é o mundo inteiro!

Antonio Fabiano
Direitos reservados

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