terça-feira, 4 de outubro de 2011

Il Passero Solitario – Giacomo Leopardi (1798-1837)

D'in su la vetta della torre antica,
Passero solitario, alla campagna
Cantando vai finché non more il giorno;
Ed erra l'armonia per questa valle.
Primavera dintorno
Brilla nell'aria, e per li campi esulta,
Sì ch'a mirarla intenerisce il core.
Odi greggi belar, muggire armenti;
Gli altri augelli contenti, a gara insieme
Per lo libero ciel fan mille giri,
Pur festeggiando il lor tempo migliore:
Tu pensoso in disparte il tutto miri;
Non compagni, non voli,
Non ti cal d'allegria, schivi gli spassi;
Canti, e così trapassi
Dell'anno e di tua vita il più bel fiore.

Oimè, quanto somiglia
Al tuo costume il mio! Sollazzo e riso,
Della novella età dolce famiglia,
E te german di giovinezza, amore,
Sospiro acerbo de' provetti giorni,
Non curo, io non so come; anzi da loro
Quasi fuggo lontano;
Quasi romito, e strano
Al mio loco natio,
Passo del viver mio la primavera.
Questo giorno ch'omai cede la sera,
Festeggiar si costuma al nostro borgo.
Odi per lo sereno un suon di squilla,
Odi spesso un tonar di ferree canne,
Che rimbomba lontan di villa in villa.
Tutta vestita a festa
La gioventù del loco
Lascia le case, e per le vie si spande;
E mira ed è mirata, e in cor s'allegra.
Io solitario in questa
Rimota parte alla campagna uscendo,
Ogni diletto e gioco
Indugio in altro tempo: e intanto il guardo
Steso nell'aria aprica
Mi fere il Sol che tra lontani monti,
Dopo il giorno sereno,
Cadendo si dilegua, e par che dica
Che la beata gioventù vien meno.

Tu solingo augellin, venuto a sera
Del viver che daranno a te le stelle,
Certo del tuo costume
Non ti dorrai; che di natura è frutto
Ogni vostra vaghezza.
A me, se di vecchiezza
La detestata soglia
Evitar non impetro,
Quando muti questi occhi all'altrui core,
E lor fia vòto il mondo, e il dì futuro
Del dì presente più noioso e tetro,
Che parrà di tal voglia?
Che di quest'anni miei? Che di me stesso?
Ahi pentirommi, e spesso,
Ma sconsolato, volgerommi indietro.
_________________________
Talvez este seja o meu poema favorito de Leopardi.
Em português temos a finíssima tradução de Ivan Junqueira.

Um comentário:

  1. O PARDAL SOLITÁRIO – poema de Leopardi
    (tradução de Ivan Junqueira)

    Do vértice que aguça a torre antiga,
    Solitário pardal, rumo à campina
    Cantando vai enquanto a luz perdura;
    E flutua a harmonia pelo vale.
    A primavera em torno
    Cintila no ar, e pelos campos vibra,
    Tocando o coração de quem a mira.
    Ovelhas balem, muge o gado em júbilo;
    Brincam em bandos pássaros festivos
    Que traçam espirais no céu aberto,
    Saudando o tempo que se regozija.
    Tu, pensativo e alheio, tudo espias;
    Não te animas, e ao riso te recusas;
    Cantas, e é assim que cruzas
    Do ano e da vida a mais bela das flores.

    Ai, como se assemelha
    O teu costume ao meu! Folgança e riso
    Da tenra idade idílica família,
    E a ti, amor, irmão da juventude,
    Suspiro amargo dos maduros dias,
    Não busco, não sei como; ao invés, dele
    Quase me esquivo e acanho;
    Quase eremita, e estranho
    Ao meu torrão natal,
    Passo de minha vida a primavera.
    É costume brindar em nossa aldeia
    A esse dia que aos poucos anoitece.
    Ouve no céu sereno o som de um sino,
    Ouve o espocar dos tiros de um fusil,
    Que ribomba acolá, de vila em vila.
    Vestidos para a festa,
    Os jovens do lugar
    Saem de casa e espalham-se na rua;
    Olham-se e são olhados, e sorriem.
    Recém-chegado e só
    A essa remota parte da campina,
    Cada deleite e jogo
    Adio sempre; e todavia o olhar,
    Distenso no ar radiante,
    Fere-me o sol que ao longe, entre as montanhas,
    Depois que o dia aquece,
    Caindo some, e diz-me, agonizante,
    Que a casta juventude desfalece.

    A ti, ave sozinha, quando à noite
    Da vida te levarem as estrelas,
    Lembrar o teu costume
    Não doerá, pois da natureza é fruto
    Teu apetite antigo.
    A mim, se não consigo
    Da velhice evitar
    O tão odioso umbral,
    Quando este olhar emudecer às almas,
    E lhe for erma a terra, e o seu futuro
    Do que o presente mais tedioso e horrendo,
    Que direi desse afã?
    E destes anos meus? O que de mim?
    Terei remorso, enfim,
    E, triste, irei então retrocedendo.

    (In: LEOPARDI, Giacomo. “Poesia e prosa”, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, pp. 217-218)

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