quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AO LEITOR DE MACAU

Eu quero um leitor em Macau
Antes que adormeça a língua
E o que redime a história
Sem desvios
Aconteça.

Tenho pressa!

Um leitor em Macau
É o que eu quero
E muitas sílabas soídas
Com
Nossa língua na língua
Estranho elo
Casada
No
Prazer sem culpa
Sem desculpas
Ela
Inculta e bela
Ela
Como ela só.

Um leitor em Macau
Eu quero
E isso é mais importante
Que a estrela
Fria
Longínqua
Muda
Sem brilho
No céu de um dia
Qualquer
De sol.

Ele
O meu leitor de Macau
Há de dar sentido à lida
Lido eu
O meu poema
Em macauês português.

Num leitor assim respira
Fundo
Fundo
Em seu pulmão
O meu sonho de Macau
A minha dor de Macau
O meu amor por Macau.

É noite
E impera
Longe de fanar-se
Ela
Linda
(Lírica)
Esbelta e bela
Ela
A adjetivável
Flor do Lácio
Caçula
Já sem nome ou pátria
Ela
E o meu leitor de Macau.

Antonio Fabiano
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3 comentários:

  1. Definitivamente, agora você foi longe demais; estou arrepiada, mesmo com um calor de torrar, com esta belíssima e emocionante declaração de amor a nossa língua.

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  2. Um dos melhores já publicados! Parabéns!

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  3. Parece que você já tem um leitor em Macau...

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