terça-feira, 21 de abril de 2020

A PESTE

De repente um silêncio brotou do chão. As bocas mudas não foram capazes de falar nem quando incitadas ao grito. A cidade ficou silente. Como fios de cabelo há muitos tipos de calar.
As pessoas falam cochichando e se olham – quando se olham – ressabiadas. Há medo e tristeza em seus olhares (dois tons abaixo do usual) no que se pode ver de rostos sob máscaras. E de todos os cantos de dentro das casas dos becos bêbados loucos transeuntes (corações) pulsam como quem pede licença para pulsar.
O susto que vi nos olhos de alguns parece o de quem levantou-se atordoado após sofrer um golpe. Mas é também o medo de alguém que está em guerra e teme o míssil ainda que hipotético lhe matar. Esse espanto é espelho. Eu também estou com medo. Ó abóboda celeste. Sirenes não soam. Não há sirene. É terrível a dor invisível. A ameaça invisível. A agonia indivisível. Medo avassala. E tudo que não se partilha morre apodrece empobrece e dói mais.
Ainda uma vez respiro. E outra vez... E outra vez... (De nada vale pensar ou sentir medo de quando pararemos de respirar).
Mas que pôr do sol bonito a boiar neste céu de outono. O sol bate macio nos telhados como quem nunca diz “adeus” só “até logo”. Os insetos voam os pássaros cantam como sempre voaram e cantaram. As folhas das palmeiras se balançam como faziam as avós naquelas cadeiras antigas. Saudade é presente. O vento diz qualquer coisa que antes eu não sabia e segue seu rumo de vento e eu nada saber. Os sinos de vento tocam descompassados. O vento venta e se vai. Volta e se vai. Volta e se vai. Não penso em mais nada. Volto a pensar. Não pensar.
Há coisas pequenas que agora se tornaram visíveis. Discretamente belas e autossuficientes em sua pequenez. O planeta segue girando apesar de tudo. As formigas não evitam aglomeração não usam máscaras e eu não as censuro por isso. Que cintura fina têm as formigas.
Quando a noite descer do céu em seu caminho que vem escorrendo das montanhas a derramar-se pelos prédios: pequenas criaturas sairão dos seus esconderijos e farão o que sempre fizeram em todas as noites do mundo. Nada reivindicarão para si nem mesmo os nomes que lhes foram dados. Nem o fascínio ou o desprezo que lhes tributamos. Nem mesmo as consciências de si reivindicarão. São ratos baratas aranhas grilos... tudo que no mundo há e de seus minúsculos corpos vivem a dividir conosco o lugar que habitamos. Que belos são. Que amoráveis. Cegos outrora nos tornamos por dolosa miopia.
Quando eu venço o que entre o golpe e o míssil se insinua... nada mais importa. Eu tenho apenas este instante e uma alegria humilde. Ainda uma vez respiro. Outra vez... Outra vez... 
Como é bonito este restinho de pôr do sol e a noite que já chega com a estrela que se assoma.

Antonio Fabiano
Belo Horizonte
21 de abril de 2020

sábado, 11 de abril de 2020

Caco Galhardo lança primeira narrativa longa em quadrinhos

Autores e Livros
Marco Antônio Reis
24/01/2020


Reprodução

O ilustrador e cartunista Caco Galhardo é o entrevistado da semana no Autores e Livros. Anderson Mendanha conversa com ele sobre ‘Homem-pássaro’, primeira narrativa longa do artista gráfico. O livro surgiu de um roteiro cinematográfico não realizado e mistura humor, romance, ação e crítica social.

O programa também apresenta o livro de Rita Fernandes, ‘Meu bloco na rua’, sobre o renascimento do carnaval de rua no Rio de Janeiro. E no Encantos de Versos, Marluci Ribeiro traz a poesia do paraibano Antonio Fabiano.

Autores presentes no programa:

Caco Galhardo, Rita Fernandes e Antonio Fabiano.

Para ouvir o programa: https://www12.senado.leg.br/radio/1/autores-e-livros/caco-galhardo-lanca-primeira-narrativa-longa-em-quadrinhos


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

MACAU

Recebi este cartão (com meu poema)
dos amigos chineses: o artista macauense Rigoberto Rosário
e Chan Lai Han (Margaret), sua esposa.  

sábado, 25 de janeiro de 2020

SUMIÊ de Angelica Philippe

Sumiê de ANGELICA PHILIPPE

Este belo Sumiê foi presente do amigo Eduardo Mendes Ribeiro Corrêa, que segue o Caminho da Arte Guerreira e também o Caminho do Chá. A obra foi executada por sua esposa, Angelica Philippe. 
MUITO OBRIGADO!

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

BONSAI DE ÓCNA

Ócna com folhas novas

Este é meu bonsai de ócna, uma planta exótica de origem africana.

Flores de primavera

É uma arvorezinha muito simpática, que no transcorrer das estações muda significativamente.

Detalhe da copa

Na primavera, a ócna dá um show de cores. Espero que as fotos exprimam um pouco disso!

Vaso Izumi

Na chegada das folhas novas há cor e feição que só se veem nesta época, porque logo mudam.
Ao sol forte, as folhas se queimam facilmente.

Frutos verdes nos cálices vermelhos

Os seus frutos ficam pretos quando maduros, o que torna ainda mais belo o visual da ócna. Mas os pássaros não deixaram isso acontecer este ano!

Ócna de Antonio Fabiano

Gosto de suas folhas serrilhadas, especialmente quando velhas.

Detalhe do caule

No inverno, a ócna perde parcialmente as folhas.
Seu caule é cheio de pintinhas brancas.

Com esta sequência de fotos encerro as notícias de minha pequena coleção de bonsais.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Carlos Drummond de Andrade

(Foto: Reprodução)

*31 de outubro de 1902, Itabira, Minas Gerais
+17 de agosto de 1987, Rio de Janeiro