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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Olívia e o Oceano | Wescley J Gama | Campos Grandes Reunidos



Clipe feito com trecho do filme "Vidas Secas" (1963), de Nelson Pereira dos Santos. Composição: Wescley J. Gama e Iara Maria Carvalho. Músicos: Alan Kleiber (bateria); Tiago Felipe (guitarra solo); Wescley (violão de aço e voz); Márcio Pinheiro (baixo); Saulo (teclados, guitarra Lap Steel). Disco "Campos Grandes Reunidos" (2016).

Olívia e o oceano
ao seu sono fluvial retorna
uma sereia desativada
para peixes e homens

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

SARAIVADA: poesia de Iara Maria Carvalho

Capa: João Antônio de Medeiros Neto

Quem resistirá à sedução, ao canto e encanto desta poesia de Iara Maria Carvalho? A mão que a escreve é resoluta. Ou, talvez, devamos dizer: a voz que aí canta sabe o que canta e como cantar. Iara, esta pessoa linda, encanta pela afinação de sua lírica; seduz, porque toda poesia verdadeira traz em seu bojo uma irresistível sedução. Que voem os mundos, a beleza triunfa nesta obra, ainda quando o poema é dor e dói até transfigurar! Eis uma mulher desfeita em versos, a brindar-nos com seu timbre afiado, a fazer vibrar as cordas de seu poderoso instrumento com o que há de melhor. Afinadíssima está Iara. Erótica, selvática, santa... Não é apenas a “ursa bipolar” que aí urra, é uma mulher infinita, ou todas as mulheres que cabem dentro de uma só e revela-se mistério, para nosso enlevo e perplexidade. É a graça de Maria, a cultuada milenar teimosia do carvalho, o que espoca nestes versos. Ninguém mais que Iara merece o nome que tem, do começo ao fim. Parece-me ser este o seu mais belo livro, de todas as coisas inéditas e publicadas que dela eu li, em quase duas décadas de amizade e interlocução literária.

Antonio Fabiano 
[texto publicado no livro]


URSA BIPOLAR

já fui mais intensa
mais humana
nem saudade tenho de ser aquela outra
que pulula nas lembranças.

– hiberno porque ouso –
nem todos entendem a beleza de ocultar-se
e saber-se desaparecida
entre os moídos do dia
e as coisas miúdas das gentes.

um dia,
tive um sonho de escrever,
mas os oceanos me roubaram o ócio e o desejo
e, mesmo que meus ainda fossem,
eu só estaria viva pra contar
que está vazia metade do meu coração
e, a metade cheia que dizem me caber,
desconheço:

embora, mesmo sem querer,
procure.

Iara Maria Carvalho
Saraivada, Sarau das Letras, 2015.



Foto Divulgação


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

TARDE DE AUTÓGRAFOS NA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

Este livro é meu...

...e esta mão é minha!

 Em autógrafo...

 Antonio Fabiano, Iara Maria Carvalho, Leonam Cunha, David Leite

Rizolete Fernandes e Antonio Fabiano


Com membros da Ordem Terceira do Carmo

Há pouco cheguei de Natal. Dia 21 de janeiro aconteceu, como estava previsto, na Academia Norte-rio-grandense de Letras, o lançamento do Cancioneiro da Terra. Confesso que não queria, resisti bastante, por timidez e apatia, além de considerar-me absolutamente indigno da honra que é lançar um livro naquela egrégia casa. 
David Leite, um dos editores da Sarau das Letras, e o forte aliado Paulo de Tarso Correia de Melo, poeta, demoliram uma a uma as minhas ressalvas, com o terrível poder de persuasão que ambos têm. O evento foi formidável, especialmente pela possibilidade de haver encontrado tantas pessoas!...
Em primeiro lugar quero agradecer aos nomes que citei, pela amizade e atenção. Do mesmo modo quero manifestar minha gratidão aos também amigos empenhados no evento: Leonam Cunha e Rizolete Fernandes. Esta, figura tão encantadora, nome de grandíssima importância das letras do meu estado, dignou-se, durante todo o evento, ficar na recepção, acolhendo os que chegavam com as doações que foram enviadas ao Lar da Criança Pobre de Mossoró. Não precisariam entrar, para ver este, os que ali chegassem; mais que suficiente era entreter-se com a incrível e iluminada mulher!
Obrigado a todos que passaram por lá: Socorro e Brito e Silva, que trabalharam com excelência na capa e no projeto gráfico do livro; diversos escritores, próximos e muitos dos quais eu até então só os conhecia de renome; membros da Academia; velhos amigos, conterrâneos meus da cidade serrana de Cerro Corá; de Currais Novos; de Acari; de Mossoró; de outros estados, como os carmelitas da Ordem Terceira do Carmo que souberam do evento pela imprensa e até lá foram, num gesto fraterno muito bonito; amigos e leitores de Natal. Muito obrigado!!!
Em tempo: fui ao Rio Grande, antes de tudo e principalmente, para celebrar os noventa anos da minha avó Ignácia Igná Dantas. “Vocês e seus anos eternos!”, diz-me um amigo, sobre a longevidade dos membros da minha família.  “Não viverei tanto!”, adianto.
Após o lançamento do livro fui caminhar, alta noite, pela orla de Ponta Negra, aonde sempre vou, quando estou em Natal.   

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MASTIGA LÍRIOS - Iara Maria Carvalho

Ilustração da Capa: Elina Carvalho 


Olhar de burro está sempre acolchoado
de um veludo afectuoso
(Mia Couto)

burros com cargas d'água
passam sede no caminho seco.
(Wescley J. Gama)

mastiga lírios com
as patas e
uma coisa de maior 
ternura atravessa
seus pelos.

cambaleia o doce
olhar na paisagem
imóvel, mas
uma cortina de luz
ameaça suas lágrimas.

por isso fica assim
(parado)
a prumo do céu...

o horizonte se encarrega
de deitar o burro nas costas

e a terra ganha um silêncio
ternazulírico.

Iara Maria Carvalho
(Milagreira, Casarão de Poesia Edições, 2011)