terça-feira, 3 de agosto de 2010

CRIAÇÃO

O teu sopro – hálito sereno –
este invisível movimento mais ternário
– para além dos sentidos – que me toca e
molda (o barro de que sou feito)
cria-me obra magna
a um só tempo
e numa só fração de epifania
coisa de Michelangelo e Da Vinci...
Deste-me a tez de um dos profetas de
Aleijadinho
o escultor sem mãos que esculpiu Deus
e deu das pedras duras
filhos mais delicados a Abraão.
Minha ira não se apaga
com fogo de pequena Inquisição
nem se sublima
com menor quimera que ela...
É de um amor que eu ardo!
Foi teu querer que assim me fez!
Aguente o dardo!
Minha condenação é salvação predestinada!
Trago um rugir profundo...
de gênio aprisionado
em lâmpada que nenhuma outra mão esfrega!
Só para ti desperto nessa entrega!
E venho em certezas mais exatas
que as da matemática!
Tu me tocas
e o que há de grande em mim
todo o meu ser “renascentista”
se levanta – e canta e canta e canta –
a conversar com o mundo que
em espiral
perfaz-me atado pelas mesmas mãos da história!
Eis-me lampejo
quase ameno
brilho rútilo que parte o céu em bandas com mais força!
Eis-me tão meio claro e meio escuro
já bem postado
entre duas potências acabadas
de uma primeira luz
desperta e desmaiada!
Sou mais visionário
que Colombo
a sonhar e vislumbrar
seu Novo Mundo!
Mais visionário e louco
que Copérnico
a tirar todos os orbes siderais
de seus seguros
e mui eternos eixos!
Que venha o que há de vir...
Estou aqui!
Ouvi teu “Fiat”...
Agora eu mesmo digo “Faça-se”...

Antonio Fabiano
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