sábado, 21 de agosto de 2010

CONFUSÃO

Antonio Fabiano e Frei Fabiano de Santa Maria são nomes de uma mesma pessoa! Não há conflito aí! Estão perfeita e harmoniosamente integrados no mesmíssimo homem que é frade, inclusive. O primeiro nome é civil, com acréscimo dos nomes de família. E fui batizado apenas como Antonio. O padre pronunciou Antônio, muito corretamente. Mas meu nome que tem acento tônico, não tem - como conviria graficamente - o tal circunflexo. Agradeço quando acertam e não me escrevem de chapéu, mas não me aborreço quando acertam segundo a gramática normativa da língua portuguesa. A questão é fonética, sob os auspícios do famigerado sinal gráfico. A desgrafia até confundiria, se Antônio não fosse um nome bastante comum por aqui... No meu caso, pronuncia-se Antônio, mas escreve-se Antonio. E eu acho bom que seja assim, sem acento. Vai que um dia acontece outra maluca reforma ortográfica e eles cassam o circunflexo dos Antônios brasileiros... Aí, já estou prevenido! Aliás, em Portugal acentuam meu nome assim: António. Amigos portugueses nunca me escreveram sem esse sinal gráfico bem agudo, quase a afrontar-me... O segundo nome, que é ainda maior, porque tem todo o não pequeno Monte Carmelo, é religioso. Por ele me chamam na Ordem à qual pertenço. Com ele assino quase tudo que não seja documento civil. Bem, tudo isso parece simples. Mas não é. Eu não existo oficialmente de Santa Maria do Monte Carmelo. Vou contar algo que ilustra o fato... Quando estava de férias no Rio Grande do Norte, antes de retornar pra Minas, no intuito de evitar excesso de bagagem no avião, despachei pelos Correios uma caixa de coisas minhas, para recebê-la em BH mais comodamente. Que comodamente nada! Eu cheguei e alguns muitos dias depois a encomenda chegou... Fui buscá-la na agência dos Correios que há aqui pertinho de casa, convencido de que a retirada seria algo normal. Pois não quiseram me entregar coisa alguma! Eu estava sem a carteirinha de frade, onde se prova que os supostos dois Fabianos são um só. Meu RG indicava apenas, naturalmente, que há um único Fabiano e este é o Antonio, sem acento, nunca aquele tal outro de Santa Maria etc. Eu fiquei uma hora e quarenta minutos na agência dos Correios, tentando provar para a simpática gerente que eu era eu mesmo! Ela me dizia que não liberava a encomenda, para a minha própria segurança e bem estar!... Vê se pode? E tudo ficou ainda mais confuso quando lhe jurei que eu tinha mandado aquilo pra mim mesmo, estava lá no remetente o nome civil, não havia possibilidade de engano; eu era o destinatário de minha própria remetência, ela podia até conferir... Por que fiz isso? Tudo piorou! Agora lhe pareceu que eu devia também provar a minha idoneidade mental! Ou o Frei de Santa Maria estava prestes a ser lesado pelo Sr. Antonio, pessoa física ali presente, o Fabiano do RG... Quer dizer, eu estaria roubando de mim mesmo a minha própria encomenda, na seriíssima agência dos Correios! Aquilo pareceu-me surreal!... E não era? O problema só se resolveu quando, depois de todo esse contratempo, alguém notou (pois já eram muitos os funcionários ao nosso redor) que entre parênteses, com letras bem pequenininhas, estava repetido o nome civil do Frei, depois da ladainha de santos e montes em letras garrafais do onomástico religioso! Moral da história: nunca mande nada pra você mesmo pelos Correios. E, se isso não puder ser evitado, ponha com letras bem grandes o seu nome civil, só o civil, que pode não ser o mais religioso, mas é o que conta... oficialmente!

Antonio Fabiano

3 comentários:

  1. Frei Fabiano, que confusão, meu amado irmão,tudo por causa de um bendito nome, e da burocracia que as vezes resolve funcionar.Ah! nunca pensei em sorrir tanto com uma crônica. Amei!! vou deitar pensando e sonhando com a mesma,rs.Abração

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  2. Meu querido amigo, quisera ter essa habilidade fantástica de narrar sobre mim, criando um personagem que apesar de referir a minha pessoa, definitivamente não parece ser nenhum dos dois Fabianos. Ótima forma, hein meu amigo!

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  3. Pois é, Fabiano, eu também sou Antonio e, por decreto próprio, à revelia dos cartórios e academias, abolir o chapéu da vogal o. Orai por nós todos os gramáticos para que em confusões ortográficas não nos envolvamos. Amém.

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