"Proibir a alegria em nome da paz social é operação ideológica. A tristeza é sempre de direita."
João Paulo
"Política no meio da rua"
Estado de Minas//Pensar (sábado, 18 de fevereiro de 2012)
sábado, 18 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Livro: BANANAS PODRES - Ferreira Gullar
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
CONCISO
Sem intimismo, estar silente diante do espelho da própria alma.
Isto não é solipsismo. Confira os vocábulos no dicionário.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 13 de fevereiro de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
Isto não é solipsismo. Confira os vocábulos no dicionário.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 13 de fevereiro de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
IRREVERSÍVEL
Desperto no meio da noite e me lembro, sobressaltado, do que eu havia esquecido e há dias queria recordar para dizer à minha amiga Cláudia, minha irmãzinha.
Naquela tarde de dezembro fomos surpreendidos por uma chuva. Das janelas de vidro da casa eu via sua chegada repentina, o ruído avassalador dos ventos, atropelando-nos. A ira da natureza magoada, ferida, chorava sobre as nossas cabeças.
Gotas d’água caiam do céu, translúcidas. Pareciam chicotes de cristal de um domador invisível, enlouquecido. Barulho crescente apoderou-se da cidade, como os passos de um gigante. Ou o mundo acaba, ou começa assim, pensei. Era, aquilo, como a gênese ou o apocalipse de nossos alucinados sonhos.
Eu olhava de dentro da casa a dança oblíqua das águas sobre a grama verdíssima do pátio. Uma escola de samba pluvial. Bicas escoavam lágrimas dos telhados, como se o inesperado tocasse trombeta e quisesse anunciar alguma dor secreta, infinitamente grande.
As horas contraiam-se de pavor, a solidão fez-se onça acuada quando o belo aconteceu: línguas de fogo cortaram os espaços, ribombaram os trovões maiores; e, simultaneamente, os granizos, pedras enormes, desceram quebrando as simetrias que fundavam a existência, a maciez da vida e das coisas de lá fora, a própria aspereza do mais humano medo.
Precipitadas sobre o pátio, não paravam nunca as brancas bailarinas. Pululavam, frenéticas, bem diante dos meus olhos. Atônito, eu esperava o fim do mundo já tantas vezes adiado. A beleza terrível nos visitara e eu cedi...
Era dezembro. Abri as portas e as janelas, para que entrasse a glória daquele dia. Saí indiferente aos raios que ameaçavam. Poderia morrer de beleza, naquele instante, pouco importaria. A surdez que me vinha dos trovões, e de tudo que rugia, era o meu melhor silêncio interior. Eu era, então, um filme mudo e antigo, sem quadrinhos de legenda.
Fiquei imóvel, até que se fizesse, em pianíssimo, calmaria fora. Sem medo ou sentimento algum menor. Arrebatado é o que se diz, ao menos por segundos, de quem vive epifanias.
Era isso que eu ia dizer à minha amiga Cláudia, na manhã seguinte, quando o seu mundo desabou, silenciosamente, dentro da noite de dezembro, e ela escreveu dizendo que sua mãe partira para sempre.
Aqui também imperava o caos... Nenhum vestígio sobrara da beleza que eu vira, terrível, um dia antes, a vestir a capital mineira. Com os restos da chuva, apenas escombros e fria nudez. Frenético barulho de sirenes, tetos quebrados, soluços, postes e árvores caídos...
Coisa tão grande e bela, a que nos visitou, haveria de cobrar seu preço, sim, em mundo tão pequeno como o nosso. Ainda que alguém jamais possa pagar por isso ou apagar o belo irreversível.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 6 de fevereiro de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
--------------------------------------
Para Cláudia Ahimsa
Naquela tarde de dezembro fomos surpreendidos por uma chuva. Das janelas de vidro da casa eu via sua chegada repentina, o ruído avassalador dos ventos, atropelando-nos. A ira da natureza magoada, ferida, chorava sobre as nossas cabeças.
Gotas d’água caiam do céu, translúcidas. Pareciam chicotes de cristal de um domador invisível, enlouquecido. Barulho crescente apoderou-se da cidade, como os passos de um gigante. Ou o mundo acaba, ou começa assim, pensei. Era, aquilo, como a gênese ou o apocalipse de nossos alucinados sonhos.
Eu olhava de dentro da casa a dança oblíqua das águas sobre a grama verdíssima do pátio. Uma escola de samba pluvial. Bicas escoavam lágrimas dos telhados, como se o inesperado tocasse trombeta e quisesse anunciar alguma dor secreta, infinitamente grande.
As horas contraiam-se de pavor, a solidão fez-se onça acuada quando o belo aconteceu: línguas de fogo cortaram os espaços, ribombaram os trovões maiores; e, simultaneamente, os granizos, pedras enormes, desceram quebrando as simetrias que fundavam a existência, a maciez da vida e das coisas de lá fora, a própria aspereza do mais humano medo.
Precipitadas sobre o pátio, não paravam nunca as brancas bailarinas. Pululavam, frenéticas, bem diante dos meus olhos. Atônito, eu esperava o fim do mundo já tantas vezes adiado. A beleza terrível nos visitara e eu cedi...
Era dezembro. Abri as portas e as janelas, para que entrasse a glória daquele dia. Saí indiferente aos raios que ameaçavam. Poderia morrer de beleza, naquele instante, pouco importaria. A surdez que me vinha dos trovões, e de tudo que rugia, era o meu melhor silêncio interior. Eu era, então, um filme mudo e antigo, sem quadrinhos de legenda.
Fiquei imóvel, até que se fizesse, em pianíssimo, calmaria fora. Sem medo ou sentimento algum menor. Arrebatado é o que se diz, ao menos por segundos, de quem vive epifanias.
Era isso que eu ia dizer à minha amiga Cláudia, na manhã seguinte, quando o seu mundo desabou, silenciosamente, dentro da noite de dezembro, e ela escreveu dizendo que sua mãe partira para sempre.
Aqui também imperava o caos... Nenhum vestígio sobrara da beleza que eu vira, terrível, um dia antes, a vestir a capital mineira. Com os restos da chuva, apenas escombros e fria nudez. Frenético barulho de sirenes, tetos quebrados, soluços, postes e árvores caídos...
Coisa tão grande e bela, a que nos visitou, haveria de cobrar seu preço, sim, em mundo tão pequeno como o nosso. Ainda que alguém jamais possa pagar por isso ou apagar o belo irreversível.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 6 de fevereiro de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
--------------------------------------
Para Cláudia Ahimsa
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
ONG divulga fotos inéditas de índios na fronteira entre Brasil e Peru

(Foto: Gabriella Galli/Survival/Divulgação)
Fotos feitas entre agosto e novembro de 2011 foram divulgadas nesta terça-feira pela ONG Survival International. As imagens mostram índios isolados da etnia Mashco-Piro que vivem no Parque Nacional de Manú, dentro da Amazônia, no Peru.
Captar imagens desta tribo é coisa muito rara...
Fonte: Yahoo! Notícias
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
PS.:
A letra estava ruim, talvez pela pressa com que fiz tudo. Deu trabalho para com tantas mãos e olhos passar o tempo e o texto a limpo. Alguns pontos pareceram bem confusos, os censores mal puderam suportar isso. Que lástima não ter nascido antes de todo mundo, não ter escrito um livro que se tornasse célebre pelo simples fato de ter vindo à luz milhões de anos antes de todos os outros! Fui castigado? Bem feito! Quem mandou só ter amigos príncipes? Perdoe-me! Depois de tudo, caí exausto – o que acontece a alguns, algumas vezes. Mas levantei-me e agora rio à toa!... Isso só prova a minha incompetência, pouca seriedade, a minha fraqueza exposta como fratura, posta às claras. Não me levo nem me leve tão a sério! A vida é leve... Eu sou assim. E esta não é uma mensagem criptografada, é um PS.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 30 de janeiro de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 30 de janeiro de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
domingo, 29 de janeiro de 2012
Garota de Ipanema (Girl from Ipanema)
Esta canção de Tom e Vinicius faz 50 anos, e a Garota de Ipanema (Helô Pinheiro) aos 66 continua linda... Aqui, uma magistral interpretação do João.
--------------------------------
Garota de Ipanema
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço, caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho
Ah, por que tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo sorrindo se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor...
Assinar:
Postagens (Atom)