segunda-feira, 8 de agosto de 2016

BONSAI (3) - ÁRVORE SAGRADA



GINKO
(Ginkgo biloba)
Ginko é uma árvore pra lá de especial... Tremendamente longeva e resistente, pode viver até mais de dois mil anos! Na natureza pode chegar a ter mais de trinta metros. Acredita-se que seja a espécie de árvore mais antiga do mundo, dentre as viventes. Dizem que sua origem remonta há cerca de 250 milhões de anos, segundo estudos de fósseis. Ela é considerada um "fóssil vivo" (Charles Darwin) e é a única sobrevivente de sua antiga Ordem (dos Ginkgoales); sua família possuiu cerca de 18 membros. É a árvore da China, mas possui grande significado para os japoneses. Os cientistas europeus achavam que ela havia sido extinta da Terra, mas foi redescoberta por eles no século XVII. Havia sobrevivido especialmente em algumas montanhas, palácios, jardins e mosteiros budistas da China, de onde fora levada pelos monges ao Japão.  
Quando a bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima no final da Segunda Grande Guerra, foi uma dessas velhas árvores a primeira manifestação de vida a rebrotar no meio da devastação. Por isso chamam-na também de "portadora da esperança". Ela estava quase intacta, enquanto o templo budista foi totalmente destruído. Na edificação do novo templo adaptaram-no, para que a árvore fosse preservada e permanecesse ali para sempre. Ela tornou-se símbolo da força e superação dos japoneses, e as pessoas que visitam o local até hoje fazem suas preces de paz diante daquele ginko.
É uma árvore reverenciada na literatura do Oriente desde a antiguidade, na poesia, bem como na pintura, cerâmica e nas artes em geral. Em algumas culturas recebe o nome de Árvore Sagrada. Em português diz-se: ginko, ginko-biloba, nogueira-do-Japão, árvore-avenca... não sei se tem outros nomes! Em inglês ela é chamada árvore-cabelo-de-vênus ou árvore-fóssil; em francês e espanhol, árvore-dos-quarenta-escudos (por causa do alto preço que teve no século XVIII); na Alemanha ela é conhecida como a árvore-de-Goethe, o qual a admirava muito e até fez um poema para sua amada inspirado nas folhas de ginko. Pode-se ler esse poema na internet, em diversas línguas. 
É bastante estudada por suas incríveis capacidades, e também utilizada para questões medicinais as mais diversas. Com ela faz-se não apenas remédios, mas também doces e sobremesas que são servidos, por exemplo, na cerimônia do chá.
É uma árvore caducifólia (perde as folhas no inverno). É algo indescritível, pouco antes de caducar, a cor suave de amarelo que ganha... Como se incontáveis borboletas amarelas pousassem na árvore! 

Espetáculo sazonal...
 

Permanece assim pouquíssimos dias, para então ficar totalmente sem folhas e em dormência por todo o inverno. Somente depois de começar a primavera é que sairão as folhas novas, de um verde muito especial. Uma curiosidade é que há árvores masculinas e femininas (não confundir com bonsai masculino e bonsai feminino). As femininas possuem folhas com vinco mais fundo, são ainda mais parecidas com borboletas e demoram mais a amarelar no outono. De modo geral, as folhas desta árvore parecem leques, com nervuras e uma fenda ao meio, como se fossem dois lóbulos, daí o nome em latim: Gikgo biloba.  
O meu bonsai é um exemplar de Ginko masculino. Antes estava em um vaso Izumi azul, redondo, mas eu o pus este ano em um vaso novo, importado, retangular. Vasos retangulares realçam bem a força e a masculinidade de bonsais que reclamam tal configuração. Porém, estava perfeito no vaso redondo, sem nenhum problema. Para esta árvore, a mudança de vaso foi uma questão de gosto pessoal, pois estimo muito os vasos Izumi, sempre originais e dos melhores que há no Brasil!
Meu bonsai possui o estilo TOSHO – três caules interligados. É praticamente um bebê, em comparação a seus parentes da China e do Japão... tem nove aninhos!

Antonio Fabiano
seridoano@gmail.com

FOTOS

Na primavera... nascendo as folhas novas!

Folhas novas... e nenhuma coragem de podar!

No vaso redondo...

 
Vaso Izumi...

No vaso retangular...

Sem folhas no inverno...



PS: todas as fotos são de meu próprio bonsai e foram feitas por mim.

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