segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O VERME E A ESTRELA – Pedro Kilkerry

PEDRO KILKERRY (1885 – 1917)
Nascido em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, filho de irlandês e baiana, Pedro Militão Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Pobre e boêmio, morreu tuberculoso, em Salvador, sem ter nenhum livro publicado. Esquecida em meio à multidão de poetas simbolistas recolhidos por Andrade Muricy, no seu gigantesco Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, a obra de Kilkerry foi recuperada e publicada pelo poeta Augusto de Campos no volume ReVisão de Kilkerry (1970). Graças ao trabalho de garimpagem poética de Campos, a poesia sintética e repleta de imagens fortes e desconcertantes de Kilkerry vem sendo percebida como uma das grandes forças do simbolismo brasileiro.

(Texto: Coletânea Clássicos da Poesia Brasileira: antologia da poesia brasileira anterior ao Modernismo. Seleção e organização: FREDERICO BARBOSA. Coleção Clássicos da Literatura. Distribuição Exclusiva Galex.)


O Verme e a Estrela

Agora sabes que sou verme.
Agora, sei da tua luz.
Se não notei minha epiderme...
É, nunca estrela eu te supus
Mas, se cantar pudesse um verme,
Eu cantaria a tua luz!

E eras assim... Por que não deste
Um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
O céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver?

Olho, examino-me a epiderme,
Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! ceguei da tua luz?

Pedro Kilkerry




CID CAMPOS - O VERME E A ESTRELA



POEMA DE PEDRO KILKERRY (1885-1917) com música e interpretação de CID CAMPOS, interveções incidentais de Augusto de Campos. Do espertáculo POESIA É RISCO, apresentado no 11º Festival Internacional Videobrasil/Sesc Pompéia em São Paulo (novembro de 1996). Animação digital Augusto de Campos.

Vídeo: Licença Padrão do YouTube

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