segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

OÁSIS

Violência parece ser a palavra de ordem de todos os dias. Já não podemos nos dar o luxo de viver em paz! É só ligar a TV, abrir o jornal, sair pela rua e...
Mas será que alguma vez houve a tão sonhada paz?
Você não precisa fazer nada para descobrir que estamos (todos) num lugar bem perigoso de se viver – se numa favela ou em palácios, tanto faz, dá no mesmo! Ao menos por enquanto não há outro mundo, só temos esse e nele há riscos.
Um filósofo até disse que este é exatamente o melhor dos mundos possíveis!... Você concorda com isso? Físicos arriscam outros, simultâneos. Pior para nós se universos paralelos forem de igual sorte confusos! Para onde fugir, um dia, quando for possível aquilo que vemos nos filmes de ficção científica?
No planeta Terra há violência desde os tempos das cavernas, quando homens conquistavam mulheres com tacapes e o amor jazia em sua forma primitiva. Parece que não evoluímos muito, desde então, embora sigamos com ilusões de civilização e progressos.
Este é o mundo que forjamos. Ele não acontece sozinho. Nós o fazemos em grande parte à nossa imagem e semelhança.
Violência é coisa muito antiga, como a guerra. Acho até que nos acostumamos a isso e gostamos um pouco de males assim. Há qualquer coisa de perverso no humano. Se você tiver coragem de olhar para dentro de você mesmo vai descobrir que faz sentido o que eu disse. Os que se acham muito bons, não são tanto quanto pensam que são.
As tecnologias nos alentam, é verdade. Mas ainda estamos na mesma e vivemos como nossos pais. Ou não. O mundo dos últimos cem anos é qualquer coisa inédita, para melhor ou pior. Mais para melhor, em termos técnicos. Só acho que somos retrógrados na moral e a nossa ética inexistiu na mesma proporção das ciências modernas; talvez até, inspirada nas nanotecnologias, tenha encolhido. Por que avançamos tanto em alguns pontos e continuamos tão estúpidos noutros? Um exemplo... É sensacional quanto há de ciência numa bomba atômica, mas ela em si é também ápice do fracasso humano!
As violências nos dão bom-dia todos os dias. Abrimos os olhos e, antes que tenhamos tempo de nos defender, mísseis caem sobre as nossas cabeças.
Tudo de alguma forma é mesmo violência! Para o bem ou para o mal. Até nascer é um trauma! Dizem que partos doem, para ambas as partes. Também delicadeza pode ser afronta a alguém! E eu conheço pessoas que humilham as outras com voz macia e ares de bondade. Isso é violência, não é?, tanto quanto aos brutos o é a delicadeza dos verdadeiros delicados, os puros de coração.
Sempre houve mais guerra do que paz no mundo (dizer isso é horrível, mas procede!); quem sonhou o contrário só sonhou, porque nunca se viu mais esta que aquela em tempo que se possa considerar razoável, desde que o mundo é mundo.
Contudo, a maior catástrofe se dá quando perdemos a paz que ainda pode existir dentro de nós. Basta que ninguém nos roube de nós e viveremos a verdadeira vida, como convém a livres, porque ninguém nasceu para ser escravo sequer de si mesmo. Cá dentro as leis podem ser outras, mesmo que nos tornemos só desejo de oásis no mundo hostil, o mesmíssimo onde amor e paz são coisas ainda e sempre possíveis.

Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com

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