quinta-feira, 24 de abril de 2025

FADO


Sonhei que ‘stava morto... Ai que tristeza!

E tu me vinhas ver, em grande pranto...

Diziam-me, teus lábios, triste canto,

Enquanto eu – só – jazia na frieza.

 

Estranho luto, aquele, em teu burel!

No pobre esquife, a pálida aspereza

Da vida extinta, lânguida certeza

A esvaecer-se em face d’outro véu.

 

Amor... tu me choravas tanto e tanto,

Que os deuses, comovidos, de repente

Realizavam cândida proeza:

 

Ressuscitar ditoso... No entanto,

Fora melhor ‘star morto, brutalmente!

Pois não ‘stavas aqui... Ai que tristeza!

 

Antonio Fabiano


Nenhum comentário:

Postar um comentário