segunda-feira, 4 de outubro de 2010

FRIA MANHÃ

A manhã está fria
Como são frias
As manhãs da minha serrana terra cidade.

Mamãe cantava em língua e grafia antigas:
“Cêrro-Corá é seu nome...”

Lá fora outra música
Atravessa
A névoa esparsa
E chega aos meus ouvidos
Fria
Como o cadáver
De um tempo morto
Pesado
Frio.

O tempo gira...
As horas passam...
Apenas algo permanece imóvel.

Passam os homens de argila...
Recordo-me de que também sou pó.
Brusco silêncio me consome.
Sou pão do silêncio.

As mulheres da minha terra
Com seus lenços na cabeça
E muitos nomes Maria
Têm no olhar a piedade
Das santas dos altares.

O vento tange com força
As folhas
Das árvores que dormem no meu pensamento.
Até as folhas do chão
Ganham num instante
Diminuta vida.

Ilusão.

Meu canto é de fria manhã...

Não há poesia no medo.

Antonio Fabiano
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4 comentários:

  1. Jaécia Bezerra de Brito4 de outubro de 2010 às 23:45

    Aposto como ao passar o dia você colocou os versos no congelador, assim eles não te pertubarão mais; também sei que correste a buscar raios de sol.

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  2. Não tenho dúvida, é a veia artística de Francisquinha, vossa mãe!

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  3. Alessandra Felix - Manaus AM18 de outubro de 2010 às 14:59

    Adoro quando em seus artigos ou poemas citas o nome da terrinha.

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  4. Obrigado, Alessandra! Mais que citada, a terrinha está gravada no coração... Abraço!

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