Cogumelos
escuros e aquele bem ali
é bom
veneno...
Um gigante
fúngico cresce sem fim
onde não
vemos...
Na linha
do teu pé esquerdo –
cuidado! a
lagarta cor-de-telha
é uma asa
inacabada.
Pássaro
súbito pondo a vista confusa
bicho-pau
grilo gafanhoto
salto
pálido para dentro do verde
asas lilases
tremeluzentes
lírios que
não afundam
patos que
voam...
Estranha
iniciativa...
Levar pelo
braço
pelo
bosque
dois olhos
ausentes
a passeio.
E se o
lago continuasse? córrego recôndito adentro?
E se a
água se abrisse em flamingos! Eu imaginava...
Como transmigrá-los
para o branco? ou mancha escura?
Seres
cor-de-rosa com asas vermelhas
que de
cabeça invertida se alimentam
de alga
rósea e azul...
Muito já
me constrangiam as joaninhas
e a luz
que há dentro das gotas.
Passava a
guardar os olhos com frequência.
Solvências
piscadelas
apertadas
do fundo
do nervo ótico
detrás da
mácula lútea.
As imagens
iam aos poucos
desaparecendo
da voz
eu
começava a calar maravilhas.
O vermelho
alarmante
a matéria
esvoaçante
vindo em
nossa direção
parecia
vir para entrar...
O pássaro
que perdi
num breve
palpebrear.
Toda a
zoomorfia assombrava
e sumia na
insegurança da poesia
diante de
um cego.
Tão logo -
suspeitei do rosto ao meu lado –
tenso
repleto de espaços...
Então, é
para lá que vão? as coisas
que
perdemos de vista... as fugidiças...
É para
dentro do cego que vão.
(Meus
olhos
contentes
com a descoberta
descansaram.)
Atravessamos
a aleia
como
conchas abissais.
Reconstituição
de um passeio
Cláudia Ahimsa
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