Eu me lembro
De antes de ter crescido
Ter visto muitas vezes
Meu avô
Sentado num banquinho
Fazendo a sua barba
Era sagrado aquele ritual
Diante de um espelho
Antigo...
Meu avô parecia desafiar o tempo!
Depois vi
Outras tantas vezes
Meu pai
Fazer a barba
O mesmo ritual
Diante de um espelho
Nem tão antigo
Nem tão igual
Vendo aquilo que faziam
Que era bonito de se ver
E tão solene
Com destreza e altivez
Como os padres no altar
Quando celebram missas
... eu sentia inveja
Eu era só um menino
Franzino
Que queria crescer...
Menino
De rosto liso
E cabeleira preta
Então chegou meu tempo
E eu também me pus
Diante de um espelho
Totalmente novo
Para cumprir o ritual
Sagrado
Solene
Tão belo e viril
Que os varões da minha estirpe
Cumprem há séculos!
..................................
De repente corro nas mãos
As contas do rosário:
Os padres-nossos
As santas-marias
Todas as marias mulheres de nossas vidas
Nossas mães e irmãs...
Faltam contas!...
Meu avô não está mais
Partiu
E já não cumpre
Aquele
Antigo ritual
Dos homens de nossa casa
Os cabelos de meu pai
Estão grisalhos...
A barba toda branca!
O meu telhado negro
Vaidade de outrora
Pôs-se a cair...
Já não tenho abundante cabeleira
Mesmo meu rosto
De menino
Passou...
Não é mais tão lisinho
Tempo o mudou
Porém enquanto vivo
Cumpro eu o mesmo ritual
Diante de um espelho
Original
Desafiando o tempo
E lembrando os homens
De nossa casa
Que o tempo alcançou
Antonio Fabiano
Direitos reservados
No desafio do tempo só páginas mudam de cor. Como nos expessaremos quanto ao PC? nos backup's antigos... grande poesia para grandes homens nas grandes veredas...
ResponderExcluirFrente a tamanha 'singelesa' o que mais pode dizer?
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