Eu quero um leitor em Macau
Antes que adormeça a língua
E o que redime a história
Sem desvios
Aconteça.
Tenho pressa!
Um leitor em Macau
É o que eu quero
E muitas sílabas soídas
Com
Nossa língua na língua
Estranho elo
Casada
No
Prazer sem culpa
Sem desculpas
Ela
Inculta e bela
Ela
Como ela só.
Um leitor em Macau
Eu quero
E isso é mais importante
Que a estrela
Fria
Longínqua
Muda
Sem brilho
No céu de um dia
Qualquer
De sol.
Ele
O meu leitor de Macau
Há de dar sentido à lida
Lido eu
O meu poema
Em macauês português.
Num leitor assim respira
Fundo
Fundo
Em seu pulmão
O meu sonho de Macau
A minha dor de Macau
O meu amor por Macau.
É noite
E impera
Longe de fanar-se
Ela
Linda
(Lírica)
Esbelta e bela
Ela
A adjetivável
Flor do Lácio
Caçula
Já sem nome ou pátria
Ela
E o meu leitor de Macau.
Antonio Fabiano
Direitos reservados
Definitivamente, agora você foi longe demais; estou arrepiada, mesmo com um calor de torrar, com esta belíssima e emocionante declaração de amor a nossa língua.
ResponderExcluirUm dos melhores já publicados! Parabéns!
ResponderExcluirParece que você já tem um leitor em Macau...
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