O pôr do sol da capital mineira
é macio e escoa
como café passado no pano
bem à moda antiga.
Tem uma coisa que tem!
Nada de braçada este sol
sobre o triângulo
como se derramasse sem pena
tinta vermelha para todos os lados.
Perguntem, mineiros do norte!
Respondam, mineiros do sul!
Eu, que agora sou do vale
expatriado desde a eternidade
de todas as capitais:
não pergunto nada
não respondo nada.
Olho o pôr do sol
com o coração das gerais.
Esta tarde é tão bonita
que eu queria guardá-la numa caixinha
para não esquecer nunca mais...
Súbito, o barulho dos carros desaparece
os prédios encolhem
as palmeiras crescem
uma carroça atravessa a travessa
entra e desfila na praça
grassa e atropela um menino
que se levanta sorrindo
mais lindo do que quando caiu.
São milagres de Minas
e no horizonte vermelha ainda
o pôr do sol da capital.
Antonio Fabiano
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