terça-feira, 30 de julho de 2024

PÔR DO SOL - Antonio Fabiano

O pôr do sol da capital mineira

é macio e escoa

como café passado no pano

bem à moda antiga.

Tem uma coisa que tem!

Nada de braçada este sol

sobre o triângulo

como se derramasse sem pena

tinta vermelha para todos os lados.

Perguntem, mineiros do norte!

Respondam, mineiros do sul!

Eu, que agora sou do vale

expatriado desde a eternidade

de todas as capitais:

não pergunto nada

não respondo nada.

Olho o pôr do sol

com o coração das gerais.

Esta tarde é tão bonita

que eu queria guardá-la numa caixinha

para não esquecer nunca mais...

Súbito, o barulho dos carros desaparece

os prédios encolhem

as palmeiras crescem

uma carroça atravessa a travessa

entra e desfila na praça

grassa e atropela um menino

que se levanta sorrindo

mais lindo do que quando caiu.

São milagres de Minas

e no horizonte vermelha ainda

o pôr do sol da capital.


Antonio Fabiano