No começo deste ano [2020], quando me mudei de São Paulo para Belo Horizonte, senti muita falta das práticas de chá semanais na Hakuei-an. Eu percebi que devo me esforçar mais, a partir de agora, para viver como um chajin. Logo em seguida começou a pandemia e veio a difícil realidade que enfrentamos até este momento. Porém, nas coisas mais simples do cotidiano, descobrimos a sabedoria do Caminho do Chá. E é na dificuldade que se revela, com mais brilho, a virtude de quem segue esse caminho. Durante estes meses, a palavra de nosso Oiemoto – através das mensagens dirigidas aos membros da Urasenke de todo o mundo, enquanto as escolas estão fechadas por causa da pandemia – fortaleceu meu coração e deu muita força ao meu espírito. Eu o senti muito próximo. E senti muita gratidão por isso!
Aqui, onde moro, criei meu próprio espaço de chá, minha “cabana” improvisada, para treinar sozinho e muitas vezes apreciar uma tigela de chá lembrando-me dos amigos. Nos últimos meses tenho lido muitos livros de chá e aprofundado o conhecimento teórico. Fico muitas vezes recordando os ensinamentos dos mestres, as coisas que desde o início me ensinaram. Com frequência faço na mente os otemae. Parece que o mundo vai se tornando para mim uma grande sala de chá, e ao longo de todo o dia os meus movimentos e pensamentos ficam voltados para isso.
Queda silenciosa –
As flores do velho ipê
sobre a cabana.
学舎ゆ 見上げる古木 花イペー
風に舞うかに 降りそそぐかに
(訳詩 武田宗知)
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