TATARÉ
(Pithecolobium tortum)
Hoje vou falar um pouco de outra árvore brasileira que é
excelente para bonsai. Tornou-se muito comum entre os bonsaístas chamá-la de Pithecolobium tortum que é seu nome
científico. Nada terminantemente contra, mas se as árvores têm nomes populares,
por que não dizer, em bonsai, como as pessoas as chamam no cotidiano? Não entendo a razão de optar por nomes técnicos e às vezes bem complicados, na arte que valoriza tanto a simplicidade e onde menos é mais, referindo-se a árvores nativas e que o povo conhece melhor do que nós quando, por exemplo, trabalha e vive junto da natureza. Esta árvore do Brasil tem vários nomes em todo o território nacional e
todos eles são muito bonitos: tataré, jacaré, angico-branco, jurema, rosqueira,
vinhático-de-espinho... Assim a chamam, dependendo do lugar, embora haja outras árvores com características semelhantes e que às vezes recebem iguais nomes. Todas da
família são muito bonitas, na minha opinião! Admiro e invejo o trabalho de
bonsaístas nordestinos que fazem magníficos bonsais de jurema-preta ou
jurema-branca, árvores que lá são consideradas sagradas desde tempos muito
antigos. Quanto a esta jurema tataré, sobre a qual discorremos, é conhecida pelos bonsaístas de fora do Brasil como a "rain tree brasileira", e é muito admirada por eles.
É uma árvore rústica, pouco exigente, de beleza
extraordinária. Suas folhas bipinadas possuem ótima proporção para a arte do bonsai. Ela tem crescimento acelerado,
tronco que se retorce em movimentos formidáveis lembrando sua forma natural nas restingas...
Uma curiosidade e algo que gosto muito nestas árvores é que ao
entardecer todas as folhas se fecham e só no outro dia, ao nascer do sol, voltam a abrir-se.
Eu adquiri este projeto de bonsai, de japoneses do sul do Brasil. Quando chegou
aqui era apenas um "gravetinho", de tão magrela! É ainda uma árvore jovem... Árvores desta espécie, nas lojas de bonsai, quando velhas, são caríssimas!!! Recentemente, cometi um erro de adubação (creio que foi isso) e quase a
perdi. (NUNCA errem para mais, na adubação de suas plantas. Se houver erro, que seja para menos e elas ficarão agradecidas!) Fiz, então, um falso-transplante de
emergência e mudei todo o substrato, além de dar-lhe o vaso novo azul-turquesa que
receberia em setembro, com o transplante verdadeiro que é reenvasar a planta
após a poda de raízes que, para esta espécie, é feita em média a cada dois ou
três anos. Como ela não estava respondendo rapidamente, mudei-a para um vaso de treinamento. Agora a árvore está muito bem, mas ficará na bacia por alguns meses, até voltar para um vaso oficial de bonsai.
Esta é talvez a árvore mais humilde da minha coleção, e uma das minhas preferidas. Já trabalhei muito nela... Mas estou convencido de que precisarei ainda de muitos anos para transformá-la num bonsai razoável.
Antonio Fabiano
seridoano@gmail.com
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