Escutei as cigarras, ainda que jamais tenha querido devassar os seus segredos. Agora mesmo eu posso ouvi-las, na memória das árvores do jardim. E cantam um nome. É noite alta e elas cantam como se fosse dia. São aborrecidas, mas dizem verdades plenas. Talvez por isso eu as ame tanto.
Elas gritam, eu grito. Tu gritas... Todos gritamos, cada um a seu modo.
Tendes – vede que já mudei pronome e o tom no discurso – ciência de outro enigma. Sou capaz de ouvir a chuva e me comover por horas com a dança das águas. E pus-me ultimamente a ouvir pássaros... Ora, ouvir a avezinha que eu ouvi... (direis também, um dia) é maior que ouvir estrelas!
Mas paremos por aqui, que alguém pode não entender nada e entender tudo, ou simplesmente não entender nada e...
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 24 de outubro de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
E sentir águas, ouvir noites, silenciar almas e entender tudo. bjs
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