Até agora nada! O que é que eu faço? Sei lá! Qualquer coisa!... Humm... Algumas tardes de domingo são de horrível tédio! Que nada! Hoje, não, bobo! Por quê? Té parece que você não sabe! Vai ter jogo! Do Campeonato Mineiro.
Hoje aqui em BH, como é mineiro dizer e econômico demais, teve transmissão de jogo. Sim, transmissão. O jogo mesmo aconteceu na terra do ET, pra quem não sabe (mas todo mundo sabe!), em Varginha, lá no Sul de Minas. Bem lá, indo toda a vida... Pois é, Cruzeiro e América. Nem vou dizer quem ganhou...
É aquela zoeira que não se acaba mais! Das janelas dos prédios uma gritaria doida... E o que eles queimam de pólvora, para exprimir seu desvairado júbilo! Parece até final de Copa do Mundo! Porém é sempre assim, até nos jogos mais simplesinhos. Simplesinhos? Futebol aqui não é coisa simplesinha não. E... que palavra estranha! Pior ainda quando jogam os clubes mais tradicionais! Fala sério! Você consegue imaginar um comentarista esportivo falando “simplesinho”, durante a narração? Quanto mais num clássico!
Queria entender esta histeria coletiva tão bonita dos mineiros. Acho que não entendo nada. É melhor não entender. Eu fico só ouvindo, admirando...
Ligo o rádio. É legal ouvir o jogo via rádio. Ficar imaginando cada lance, acreditando no que diz o cara que fala, fala, fala... não sei quantas mil coisas por minuto! Tudo isso que ele diz vai inventando o jogo, com meias verdades e mentiras, um tanto de paixão, coisa da qual ninguém escapa. De acordo com o humor do bobo deslancha-se em oráculos o final de cada tempo. É quase uma parúsia, o final dos tempos.
Deixo de lado o rádio. Ligo a TV. Que chato ficar vendo e ouvindo ao mesmo tempo o óbvio, a palavra verborrágica de um narrador ensimesmado que é chato, chato, até não poder mais! Refiro-me ao da televisão, claro, o do rádio não. Eu fico só vendo, então. Baixo o volume da TV. Até aparecer “mute”. Calei com o botão do meu controle remoto alguns mil torcedores e, principalmente, este comentarista insuportável! Assim está melhor. É coisa espetacular só ver os jogadores em campo, sem nenhum ruído de nada. Só a imagem em movimento. Eles dançam? Lutam? Parece que se xingam por gestos, uns se abraçam. Trem esquisito, sô! Mas bão!
Os jogadores ainda se movem, no meio do campo e do silêncio alternativo que eu lhes dei, quando pela quarta vez goooooooooollllllll!!!!!!!... Como não ouvir nada? Os mineiros voltam a gritar! Berram das janelas dos prédios. Parece que o mundo inteiro está gritando! E não está? Desligo a televisão. É melhor ouvir o ruidoso ...ooooollllll da rua. Só ouvir. E amar o delírio coletivo desta gente tão boa e engraçada. As duas torcidas se enfrentam no grito! Uma catarse linda!
O jogo ainda não acabou. Mas pra não decidir quem ganha, eu me empato.
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 27 de março de 2011.
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