segunda-feira, 7 de março de 2011
A CERVEJA, TUA CRIATURA, SENHOR!...
A cervejaria mais antiga do mundo, no mosteiro de São Sixto, na Bélgica.
A Santa Madre Igreja, minha mãe, não cessa de me surpreender, tirando de seu baú coisas antigas e novas. Na verdade, algumas novas parecem bem antigas, e algumas antigas são verdadeiras novidades, pelo menos para mim, que não tenho nem quarenta dos dois mil anos que ela juvenilmente ostenta. Mas como eu ia dizendo, um confrade me apareceu esta semana com um achado daqueles! Sintomaticamente às vésperas do carnaval... Ele descobriu que há no antigo ritual romano, em limpidíssimo latim, uma bênção própria para a cerveja! Ora, vejam, ninguém pode negar que isso soa bem engraçado a meninos tropicais como nós! Tá, a meninas também e garotas de Ipanema!... Sequer nos lembramos que antes de irem aos bares modernos, as cervejas se achavam não só nas tabernas, mas eram especialmente fabricadas em mosteiros. Que a cerveja apreciada com moderação – estupidamente gelada, em terra estupidamente quente como a nossa – é uma bênção, já ninguém duvidava! E até o Papa alemão tem a sua... Ou nunca ouviram falar da “Papst Bier”? Perguntem ao tio Google! Mas antes que me acusem de heresia, sobretudo se têm algo contra cervejas e pensam, erroneamente, que estou fazendo apologia a carraspanas, bebam água gelada, relaxem e me deixem terminar. A bênção da cerveja dava-se nos barris, antes do engarrafamento. Sem dúvida era levada muito a sério! Depois das invocações costumeiras, tipo “O Senhor esteja convosco...”, o que se segue na fórmula é a seguinte oração que eu traduzo assim: “Abençoa, Senhor, a cerveja, esta criatura que te dignaste produzir da generosidade dos grãos, para que seja ao gênero humano remédio salutar; e dá-nos, ainda, pela invocação do teu santo nome, que quem dela beber ganhe a saúde do corpo e a proteção da alma. Por Cristo Senhor nosso.” Responde-se “amém”. Em seguida asperge-se água benta. Estou persuadido de que, tirando a água benta, alguns amigos meus gostarão muito disso. Ou não? Seja como for, apreciem com moderação!
Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 7 de março de 2011.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
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Um brinde ao Frei Cardoso.
Esta crônica, para Ana Paula e meus amigos do bloco Alcoologia de Cerro Corá.
PS: Por pouco não publiquei também as fotos do Papa Bento XVI, então Cardeal, bebendo cerveja, como fazem licitamente europeus e cidadãos de todo o mundo. As fotos estão disponíveis na Web, inclusive em sites católicos conservadores, sem qualquer indício de escrúpulo ou reprovação. Afinal, se faz bem, que mal tem?
Olá frei,
ResponderExcluirEssa foi a melhor do mês até agora. Adorei!!Fantástico!! Parabéns. Essa foi realmente algo novo na Igreja. "Aprecie com moderação", (risos). Fellipe da Silva Toledo.
Li recentemente que Lutero também gostava de beber cerveja, ele mesmo disse isso em um de seus escritos.
ResponderExcluirComo lhe disse no e-mail: Bendito seja o alemão que inventou a cerveja!!! Bela crônica, muito bem escrita. Parabéns.
ResponderExcluirAmém... se a cerveja que não é fabricada em mosteiros já é boa, imagina as que são!! preciso provar delas urgentemente!!! Amei esse seu achado!!! quero o end do mosteiro,quem sabe não faço uma visita.... Kkkkkkkk
ResponderExcluirOBRIGADAAA!!! pela dedicatória, e tenho certeza que os integrantes do bloco alcoologia,também vão gostar muito!!!
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