...só se fosse olhar o céu
as cortinas da chuva
adormecer na brisa do calor
e borbulhar suor
no eco dos trovões...
Para quem? Ou a quem?
(...)
Era uma hipótese deslumbrante, delirante, aterradora, sublime, essa de que afinal tinha sido atrás dos papéis do Inglês que o meu pai tinha acabado por colocar-me! Eu estava siderado de emoção, e não era caso para isso?, e saí de casa com a certeza de ir descortinar baleias nos horizontes da Praia Amélia. Vi as baleias, sim, o que é sinal de sorte. Anunciavam o que estava para vir, no imediato e a dar lugar à estória, à nossa estória, enfim.
Ruy Duarte de Carvalho
In: Os Papéis do Inglês ou O Ganguela do Coice
(Ficção angolana)
-----------------------------------------------------------
Trechos de “Os Papéis do Inglês” (2000) de Ruy Duarte de Carvalho, angolano de origem portuguesa, escritor, cineasta e antropólogo. Autor de vários livros de poesia e uma das vozes mais importantes de Angola e da lusofonia. Recebeu em 1989 o Prêmio Nacional de Literatura de Angola.
Ruy Duarte de Carvalho (Santarém, 1941 – Swakopmund, 2010)
Ruy Duarte de Carvalho - Luís Barra
Nenhum comentário:
Postar um comentário