sexta-feira, 20 de abril de 2012

SAZONADAS


Em Belo Horizonte, o livro “Sazonadas” poderá ser adquirido exclusivamente no CAFÉ & LIVRARIA DA PRAÇA, um lugar ótimo, de bom gosto, que frequento há tempos.

Rua Dom Joaquim Silvério, 656

Coração Eucarístico

Tel. 2514-0460

Falar com Fernando ou Taciana.
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Nos demais casos, só pelo e-mail ou pelo telefone 
da Taba Cultural Editora (Rio de Janeiro).

quinta-feira, 19 de abril de 2012

COM LICENÇA, POÉTICA!


COM LICENÇA, POÉTICA!

Com licença, poética!
Também quero ser poeta.
Acho que antes dos quarenta
Até publico o meu livro...

Gullar tem cabelos longos
E uma fúria aguçada
De jovem, jovem, muito jovem...
Mesmo depois dos oitenta!

Haverá lugar pra mais
Nesse trem de além de além?

Ai, meu Deus!
O tempo está se acabando!
Rugi, rugi, o tempo rugi...
Esse leão é feroz!

Eu estou ficando velho.
Chego aos cento e vinte anos?
A testa está se alargando...
Mas isso pouco interessa!

Fios do Gullar à parte,
O Drummond era careca.

(FABIANO, Antonio. “Sazonadas”, Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2012).

O poema de abertura do livro “Sazonadas” de Antonio Fabiano, intitula-se “Com licença, poética!”. É quase uma brincadeira que o poeta faz com alguns de seus principais interlocutores literários. Em primeiro lugar, o título quer explicitamente lembrar outro poema, aquele com o qual Adélia Prado em 1976 estreou em poesia e abriu o seu livro “Bagagem”. Mas em Adélia lemos “Com licença poética”, ao passo que em Antonio Fabiano é a própria poética que é interpelada de modo irreverente: “Com licença, poética!”. Curioso é que o poema de Adélia Prado refere-se, intertextualmente, ao “Poema de Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade, publicado por sua vez em seu primeiro livro de poesia “Alguma Poesia” (1930). Em Antonio Fabiano esta reconstituição é importante. Longe de dissimular as influências que recebeu e muito menos querer negar a poesia que veio antes da sua, filia-se a uma tradição de poetas bons, orgulha-se dessa linhagem, sem se tornar refém dela, como se verá no todo do livro e no próprio teor espirituoso dos já referidos versos. Ora, o poema escolhido para abrir seu livro é quase um poema-piada (especialmente se o compararmos aos demais do livro, de altíssimo nível e de um lirismo que toca o absoluto!), mas não tem nada de ingênuo ou casual. Funciona como importante chave de leitura para o mais. Talvez nele o poeta queira dizer que a sua obra tem vínculo real com o tempo presente e com outras vozes da literatura, que sua poesia também aprendeu dos grandes mestres das letras de seu país, e nasce já consciente da difícil tarefa que é dialogar em nível de excelência com os mesmos: “Haverá lugar pra mais / Nesse trem de além de além?”. Trem, aqui, tanto pode ser sinônimo de “coisa”, em relação à fala e aos poetas mineiros, como pode referir-se ao célebre “Poema Sujo” de Ferreira Gullar, poeta citado. O livro possui muitos pontos de verdadeira erudição, sob véus de simplicidade. Em certo sentido é preciso ter relativa cultura (histórica, literária, inclusive bíblica), para entendê-lo bem e fruí-lo. Mas a beleza, esta linguagem universal, é um de seus fortes atributos.
Gullar octogenário, com “cabelos longos” e “fúria aguçada / De jovem, jovem, muito jovem...”, contrasta com a insinuação de calvície (“Eu estou ficando velho / (...) / A testa está se alargando...”) do então jovem poeta, acomia esta que é acima de tudo indício de que ele se demorou no livro, o qual, no entanto, em via de fato, chega antes dos seus quarenta, ainda que inevitavelmente marcado pelo tempo. Talvez daí até se pudesse dizer que o título, “Sazonadas”, tenha querido sugerir uma poesia já amadurecida. Mas isso, ao que perece, está muito longe da pretensão do poeta, ou seja, é uma ideia estranha à intencionalidade do conjunto do livro, ainda que sejam, sim, versos muito bons e maduros. O poeta quis, antes, pelo que se pode inferir, referir-se com “Sazonadas” ao pomar de estrelas, que aparecerá adiante, de onde parece ter extraído o título do livro sem mais. São muitos os poemas líricos, como já se disse, e o livro consegue ser doce (como uma fruta madura), mas sem qualquer afetação. Está aí um livro de delicadeza, como reclamaria outro grande poeta, Affonso Romano de Sant’Anna, este com quem Antonio parece ter frequente relação e de quem recebe, se não na poesia, seguramente na mais ampla esfera intelectual uma notável influência.
Razão e sentimento parecem estar bem integrados no livro. Talvez valesse lembrar que seu autor é um homem da clausura, na vida real (carmelita descalço); por isso, não são estranhas à obra algumas imagens bíblicas e elementos religiosos do seu cotidiano, tanto quanto a contemplação e o silêncio que é fundamental no Carmelo. Será que poderíamos falar de alguma mística nestes poemas, ao menos como herança cultural, já que os carmelitas têm há séculos tradição de místicos?
O tempo não urge para Antonio Fabiano no poema de abertura, para ele o tempo rugi: é um leão feroz. Mas será que o tempo pode tanto assim? Não será ele, de alguma forma, domado pelo poeta? No poema, o autor diz: “O tempo está se acabando!”; isto parece ambíguo, se quisermos entender que o poeta, maliciosamente, insinua aí o fim do tempo (não o fim dele próprio!), proclamando sua vitória sobre o tempo ou seu ingresso na atemporalidade.
À medida que avançam as estrofes, dobra-se e triplica-se o primeiro e simbólico número (“quarenta”... “oitenta”... “cento e vinte anos”...), sinalizando ciclos de alguma coisa, bem como desejo de superação: “Chego aos cento e vinte anos?”. O tempo, aqui prenunciado, marcará o livro em outras partes, com progressiva reflexão existencial, ao lado de elementos como a noite, o vento etc.
O desfecho do poema é realmente surpreendente: em face de um ícone da poesia, que é o grande e jovial Gullar de oitenta anos (representado na superabundância de seus fios de “cabelos longos”), o nosso outro poeta, em sua suposta modéstia e risível presságio de velhice (coisa que na poesia de Antonio Fabiano é sempre positiva, qual marca de ouro do tempo), inesperadamente evoca, de modo analógico, o poeta maior (a exorcizar Gullar?) saindo-se justificado: “Eu estou ficando velho. / Chego aos cento e vinte anos? / A testa está se alargando... / Mas isso pouco interessa! // Fios do Gullar à parte, / O Drummond era careca.”

T. Araújo
Natal - RN

segunda-feira, 16 de abril de 2012

COLARES

Quando disse aos meus amigos que estive na floresta amazônica, às voltas com uma sucuri, ninguém quis acreditar. Tudo bem, destas mansinhas, de estimação, com índio de lado e tudo mais, pra garantir o absoluto controle da situação. Parece estória de pescador, mas é verdade! E se alguém estava borrando as calças, era o fotógrafo. Pobrezinho! Você teria coragem? Eu mesmo ria daquela situação bizarra. Bicho preguiça apareceu, macaco, quase jacaré... Ah, vitória-régia: o que existe mais lindo e verde de se ver! O som da floresta é coisa inesquecível... Depois o barco por entre as águas, caminho, igarapé. Eu, que no passado estudei tupi antigo, estava agora a deleitar-me com as reminiscências da boa língua, nheengatu, ali presente de tantas vivas formas. Línguas tantas e nações! Sim, a fala do povo é bonita, há uma superabundância de palavras que não se entenderá em nenhuma outra parte do país ou do mundo, estando-se fora da alma do povo. Come-se muito bem, peixes infinitos, uma ladainha-cardume do que não decorei para dizer depois em restaurante. Degustei que é tudo, nesta taba mundo! Colares em volta ao meu ornamental pescoço: corubo, apurinã...

Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 16 de abril de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com
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Ver pra crer...


Arquivo pessoal.
Abril de 2012.

sábado, 14 de abril de 2012

SAZONADAS

Lançou-se pela TABA CULTURAL EDITORA do Rio de Janeiro no início deste ano de 2012:






SAZONADAS - poesia de Antonio Fabiano
Editor: José Maria Rodrigues
Capa: Henrique Monteiro
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TABA CULTURAL EDITORA
Rua Joaquim Silva, 56 - Grupo 701 - Centro
Rio de Janeiro - RJ
CEP. 20241-110
Telefax: (021) 3852.0956
taba@prolink.com.br
taba@tabacultural.com.br

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ARTESANATO AMAZONENSE




Artesanato Amazônico Brasileiro
Nalgum lugar em que estive, entre o céu e as águas...
Abril de 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ONÍRICO

E houve uma grande luz, para a consecução de meu jeito abstrato de ser.
Pairava sobre as águas do rio Amazonas o Espírito de Deus e o meu próprio espírito.
Índios cantavam em línguas ancestrais e dançavam ao redor do fogo novo.
Era Páscoa.
Em volta ao meu pescoço a arte dos filhos da floresta e fragmentos de um sonho amazônico.

Antonio Fabiano
Amazonas, 9 de abril de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com

domingo, 8 de abril de 2012

Carlos Gomes - "Il Guarany" overture (abertura de "O Guarani")



From the opera "O Guarani", composed by Antônio Carlos Gomes (1836-1896).

Performs:
"The Royal Philarmonic Orchestra", conductor Enrique Arturo Diemecke.

Visite o canal de SenhorDaVoz e conheça um dos mais impressionantes acervos da música brasileira no YouTube.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

VITÓRIA-RÉGIA

O que às vezes parece o fim é o começo. E há na vida começo tão esplêndido que mais parece fim, se por fim entendemos a perfeição acabada, esta que nos é possível entender e acabar.
A mãe de todos os deuses, na língua e crença dos índios, de coração aberto acolheu-me.
(Uma cidade aconteceu bem no meio da floresta e é linda, com suas águas indecisas e encontro).
Estarei sonhando?
Eu vi a vitória-régia e me rendi ao supremo.

Antonio Fabiano
Manaus, 2 de abril de 2012.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com