segunda-feira, 4 de outubro de 2010

UM PASSARINHO FEZ OURO NA MINHA CABEÇA!

Quando eu trabalhava na Secretaria de Educação de Cerro Corá, naqueles anos em que estive à frente do setor de cultura da mesma repartição, uma vez, voltando a pé (em passos largos, como de costume) de uma reunião na Prefeitura, aconteceu-me de um passarinho passar e em pleno voo fazer ouro na minha cabeça! Na ocasião, com bom-humor e muito riso, calculei a extensão territorial da cidade, as velocidades aproximadas do voo de uma ave daquela espécie e dos meus próprios passos. A probabilidade de aquilo acontecer de novo, ao menos naquele dia, a alguém em iguais circunstâncias... era muito rara! Pois é, matematicamente feliz, eu cheguei à repartição. Sentia-me abençoado, único, dentre alguns mil que nunca receberiam essa dádiva. Afinal, quantos tiveram semelhante condecoração? Com que frequência isso ocorre aos cidadãos da minha serrana terra cidade, tão desprovida até de pombos em suas praças?
Os anos se passaram e doutra feita estava eu a tocar violão debaixo de uma árvore. Deu-se ao pôr-do-sol, se isso ajuda a tornar mais bucólica a cena. E não é que o fenômeno ocorreu, pela segunda vez! A mesma oferenda dum ser alado, que não disse seu canto e tampouco se apresentou. Ouro na cabeça! Dessa vez, o humor foi mais comedido, pra ser sincero não teve mais graça, não calculei mais nada e minha consciência ecológica se irritou um pouco. Mas, culpa minha! Era eu que estava debaixo da árvore, que é a casa grande dos passarinhos, ou hotel de seus pernoites.
Engana-se quem pensa que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar! Pois que o desminta um para-raio! Cai, sim, e não apenas duas, mas três... A terceira vez que ocorreu – o que já bem sabeis – eu estava conversando no pátio da PUC com uma menina italiana e alguns colegas de faculdade. Estava parado e não tinha árvore acima de nós. De repente... ploft! Outro passarinho fez ouro na minha cabeça! O episódio foi público e notório! Minha vergonha, também. Mas a ragazza italiana contou-nos que aquilo era sinal de boa sorte em seu país. Em seu país! Porque aqui, não! Ou será também? Obviamente meus colegas transformaram a minha desventura em festa! Mas já passou! Passou?
Caro leitor, se isto fosse um texto de ficção eu pararia agora. Acho que o mais é demais em qualquer biografia. E a minha, vê-se, está suja! Antes três fosse o meu caso! Eu juro que aconteceu! Eis que há pouco venho eu às pressas pra casa, feliz, feliz... E um passarinho, em pleno voo – pleníssimo! – faz, pela quarta vez, ouro na minha cabeça! Ah, não! Outra vez, não! Agora, chega! A sensação panifobicamente indescritível foi a de que eu deveria correr (como quando somos surpreendidos por um temporal). Temo que de uma hora pra outra todas as aves do mundo resolvam fazer seus depósitos de ouro na minha cabeça... Estou rico e polido às avessas! Depois do banho me acalmo.

Antonio Fabiano
Belo Horizonte, 04 de outubro de 2010.
Blog: www.antoniofabiano.blogspot.com
E-mail: seridoano@gmail.com

4 comentários:

  1. Jaécia Bezerra de Brito4 de outubro de 2010 às 23:42

    O negócio meu querido foi que você ficou muito conhecido pela espécie; você estava na serra e um anjo que queria conhecer um grande poeta, pediu indicação ao pássaro, depois disso virou tradição no mundo dos avoantes, corre minha gente, aquele é o poeta de quem falo.

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  2. Meu grande amigo de Cerro Corá - confesso que ri demais de sua grande sorte - joga hoje na Mega Sena - vai que você ganha! kkkk
    Mas tamanha sorte de ter fios de ouro na cabeça somente para um grande poeta - legítimo filho de João da Cruz! Vc é mara.. bjão pra vc!

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  3. Bela crônica, caro conterrãneo, assim o chamo devido as suas raízes familiares, patoense de nascimento e pelas circunstâncias, mas cerrocoraense de coração.

    Para matar a saudade, dê uma visitada lá: wwww.cerrocoranews.blogspot.com

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  4. Caro amigo adorei, só você mesmo kkkk. Muitas saudades... Adriana OLiveira

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